A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vem estimando a produção de 66,9 milhões de toneladas nesta segunda safra de milho. Porém, durante a Abertura Nacional da Colheita do Milho 2021, os analistas de mercado Paulo Molinari, da Safras & Mercado, e Anderson Galvão, da Céleres Consultoria, pontuaram que, na prática, os resultados devem ser menos otimistas.
“Considerando os problemas climáticos e a cigarrinha que afetaram as plantações, é muito difícil acreditar que nesta safra de inverno o Brasil alcance 60 milhões de toneladas”, afirmou Galvão, em transmissão ao vivo. “A não ser que a gente tenha criado um ‘milho ciborgue’, capaz de sobreviver a um plantio 70% feito em março, a 60 dias de seca, a quatro geadas em junho e duas geadas nesta semana”, completou Molinari.
“Nosso número já é de 56,7 milhões de toneladas, e eu diria que talvez a gente até reduza esse número nas próximas estimativas”, revelou o analista da Safras & Mercado.
Como exceções, Molinari cita o Matopiba e boa parte de Mato Grosso, que escaparam de uma situação mais crítica. Já as médias de “Goiás para baixo” estariam bastante reduzidas, em sua avaliação.
Próxima safra de milho
De acordo com os dois analistas, essa quebra de safra somada aos montantes já negociados para exportação tornam a importação uma necessidade em 2022. “Temos 5 milhões de toneladas comprometidas com embarques até o começo de agosto e 15 milhões de toneladas para entregar até janeiro. Precisamos abastecer o mercado brasileiro”, reforçou Molinari.
Segundo ele, por mais que se tenha o washout, que vai acontecendo com 3 milhões de toneladas, isso não é suficiente para garantir nosso abastecimento até 2022.
Diante de um cenário que apresenta desafios para o abastecimento nacional, mas evidencia a boa recepção dos produtos brasileiros, Galvão alerta para a importância deste período de “preços excepcionais” para que se façam melhorias para o setor.