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Agronegócio

Recuperação no setor de carnes deve reaquecer mercado de milho, avalia Imea

Especialistas se reuniram na noite desta quinta-feira, 18, para discutir os desafios da cadeia do cereal em Mato Grosso

Após um período de instabilidade em abril, devido à pandemia do novo coronavírus, o setor de carnes, especialmente bovina e suína, apresenta recuperação e deve reaquecer o mercado de milho, agora no momento da colheita. A análise foi feita pelo superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, na live do Projeto Mais Milho, realizada na noite desta quinta-feira, 18. Até o momento, o estado de Mato Grosso colheu 8% da área plantada com o grão neste ciclo.

Nesta temporada, a projeção é que sejam colhidas 32,86 milhões de toneladas de milho, de acordo com o último relatório do Imea. O volume representa um aumento de mais de 1% em relação ao total colhido na safra passada, o equivalente a 599 mil toneladas do cereal. Já a produtividade média projetada para esta temporada é de 105,46 sacas do grão por hectare, abaixo do rendimento obtido no ano anterior, de 110,68 sacas por hectare.

Ainda durante o encontro virtual, comandado pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, o superintendente reforçou que o Brasil deve passar de um cenário de escassez, registrada no primeiro semestre, para um segundo semestre de normalidade entre oferta e demanda, porém, com preços mais elevados.

“Isso porque já negociamos boa parte da safra em Mato Grosso e em todo o Centro-Oeste. Outros estados importantes, como Paraná e Mato Grosso do Sul, deverão colher menos, por conta das intempéries climáticas, e o mercado de carne se recupera pela forte demanda da China. Já para a próxima safra, o cenário irá depender da safra norte-americana e, aqui no Brasil, do apetite da demanda para carnes, que será fundamental para os estoques do grão”, disse Latorraca.

Comercialização antecipada

De acordo com levantamento do Imea, os produtores mato-grossenses comercializaram antecipadamente cerca de 85% da safrinha de milho até o início do mês de junho. Os preços ficaram entre R$ 23 e R$ 30 a saca do cereal. “Em fevereiro já tínhamos uma comercialização recorde, de mais de 50%, isso por conta da disparada do dólar e o cenário de escassez de milho”, pondera o superintendente do instituto.

Essa foi a média de preços de milho que o produtor rural Cristian Dalben, de Nova Ubiratã (MT), conseguiu na sua comercialização antecipada, que chega a 60%. E com a projeção de boa produtividade nesta temporada, a perspectiva é de lucratividade no ciclo 2019/2020. O agricultor espera colher, em média, 175 sacas do grão por hectare, acima do obtido no ano anterior, de 149 sacas por hectare, e da média estimada para o estado.

“Nas últimas safras, como o preço do milho não estava tão definido, optamos por rotação de cultura, com braquiária. Mas neste ano, como os preços estavam melhores, plantamos mais milho e conseguimos semear em uma boa janela. E as chuvas de abril ajudaram as plantações, por isso, estamos vendo essa produtividade maior no campo em relação ao ano anterior”, afirmou o produtor.

Apesar da perspectiva favorável, o agricultor ainda alertou sobre os problemas com a falta de vigor das sementes nas primeiras áreas e o severo ataque de percevejos barrigas-verdes. “O Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa) já está revendo o decreto, que regula a qualidade das sementes. Realmente, nas primeiras áreas em algumas regiões tivemos essas reclamações por parte dos produtores, mas acreditamos que a produtividade deve melhorar”, disse o presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan.

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