O ano de 2019 foi de preços mais altos ao produtor no mercado brasileiro de milho. “Foi um ano com grandes oportunidades aos produtores”, como ressalta o consultor da Safras & Mercado Paulo Molinari. As fortes exportações recordes e a oferta dosada pelo produtor no mercado interno foram garantindo cotações crescentes.
Molinari descreve que o primeiro semestre teve alguma especulação com o abastecimento interno, o que é sazonal e normal. Já no segundo semestre, a variável clima nos Estados Unidos trouxe grande preocupação e um salto de preços internacionais. O resultado foi um recorde de exportação brasileira que deve chegar a 39,8 milhões de toneladas ao fim da temporada 2019/2020.
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O dólar mais elevado em 2019 contribuiu para os embarques, e com o bom escoamento da oferta ao mercado internacional as cotações ganharam sustentação no país.
O consultor destaca que foi ano de safra cheia combinada com altos preços, o que completou um cenário positivo para o produtor. “A demanda interna mais forte foi um fator importante, mas não o grande fator de sustentação dos preços, que de fato foram as exportações devido ao problema de plantio nos EUA”, pondera.
A preocupação no Brasil com o clima seco, atrasando o plantio da safra de verão e podendo atrasar também o plantio da segunda safra em 2020, levou o produtor a segurar a oferta significativamente no segundo semestre.
Segundo Molinari, esse quadro acentuou ou antecipou um movimento que poderia ocorrer apenas a partir de janeiro de 2020. Molinari diz que se o produtor não tivesse adotado esta conduta talvez as exportações pudessem ter sido ainda maiores na temporada.
A produção brasileira de milho em 2019 foi indicada em 107,375 milhões de toneladas, 34,2% acima da produção de 2018 (80,031 milhões de toneladas), segundo dados de Safras & Mercado. Os embarques estão indicados em 39,837 milhões de toneladas, com incremento de 59,1% contra 2018/2019 (25,041 milhões de toneladas).
No balanço de 2019 até este dia 26 de dezembro, a cotação do milho em Campinas CIF subiu de R$ 42 para R$ 49,50 a saca na base de venda, acumulando valorização de 17,9%. Na mogiana paulista, o milho avançou no ano de R$ 37 para R$ 47,50 a saca, aumento de 28,4%.
Em Rio Verde (GO), a cotação do milho na venda avançou no balanço do ano até quinta-feira, 26, de R$ 31 para R$ 43 a saca, incremento de 38,7%. Em Cascavel, Paraná, preço subindo de R$ 34 para R$ 44 a saca (+29,4%).
Já em Erechim (RS), o preço passou de R$ 38 para R$ 47 a saca, aumento de 23,7%. Rondonópolis (MT) teve uma alta ainda mais expressiva, de 48,1% no balanço do ano, com o valor do milho na venda subindo de R$ 27 para R$ 40 a saca.