O aumento no custo de produção da pecuária em Mato Grosso deve reduzir a quantidade de cabeças que serão confinadas. Os pecuaristas estão mais cautelosos, por causa do alto preço dos grãos e dos animais de reposição. Mas é possível adotar estratégias para reduzir os riscos e sair perdendo, ao adotar, por exemplo, a garantia de preço antecipado.
Nos últimos doze meses, a arroba do boi gordo se manteve praticamente estável em Mato Grosso. Já o boi magro registrou valorização de 3,6% no mesmo período, o que reduziu o poder de compra dos confinadores.
O pecuarista Carlos Eduardo Lemos conta que, em Mato Grosso, a arroba do boi gordo em está em torno de R$ 130, enquanto que, para garrotes “em cima do peso” está entre R$ 145 e R$ 150. “Há dois anos, nós pagávamos o mesmo preço da arroba do boi gordo”.
No ano passado, neste mesmo período, o milho era vendido a R$ 16,50 a saca, enquanto hoje o valor está próximo de R$ 29, afirma o gestor técnico do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Ãngelo Ozelame. “É um dos maiores preços de milho da nossa história, e isso está acontecendo em virtude da enorme saída de milho do estado”, afirma.
Em 2015, cerca de 15% dos animais abatidos em Mato Grosso foram terminados no confinamento. Neste ano, o custo de produção subiu de 25% a 30% e a quantidade de bovinos no sistema deve ser menor.
O gerente de projetos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Fábio Silva, afirma que no ano passado foram confinados 670 mil cabeças no estado, o que volume representa acréscimo de 5% em relação a 2014. Para 2016, diz Silva, a tendência é ficar próximo da estabilidade ou haver queda.
Para reduzir os riscos, o pecuarista pode adotar algumas estratégias, como a garantia de preço antecipado ou hedge. De acordo com o Imea, quem utilizou esta ferramenta no início da temporada de confinamento no ano passado teve margem de lucro de R$ 70 por animal. Já o pecuarista que vendeu o produto no balcão teria amargado prejuízo de R$ 17 por cabeça.
Em 2015 o hedge representou 13% do rebanho confinado em Mato Grosso, informa Fábio Silva, da Acrimat. Ele explica que o sistema apresenta duas modalidades de “travamento” de preços. “Uma é você fechar esse boi a termo, uma venda antecipada com o frigorífico. Outra é utilizar os marcadores futuros na BM&F Bovespa”, diz o gerente. No ano passado, 11% do rebanho confinado foi travado no mercado a termo e outros 2% na BM%F Bovespa.
O pecuarista Amarildo Merotti, que vai abater 5 mil bovinos, negociou em janeiro passado o preço dos animais. Ele conseguiu preço médio de R$ 145 por arroba, quase 10% a mais do que os valores atuais.
Ele ainda travou o valor para R$ 149 em outubro, e R$ 142 para abril e junho, para o boi Europa. “É um número que fecha minha conta e me garante um lucro legal”, diz Merotti, que afirma ter perdido o medo de fazer esse tipo de negociação.