A pecuária moderna exige profissionalismo do produtor, desde o momento da compra de insumos até a entrega dos animais para abate. O olho do dono não pode ficar apenas no boi, mas em todos os detalhes da atividade – da pressão dos custos à questão da sucessão familiar. A chave para chegar ao sucesso é a gestão da propriedade, um conceito que engloba o gerenciamento constante de todas as variáveis que envolvem a criação de gado.
Criadores bem-sucedidos sabem que é preciso estar sempre atento às necessidades da atividade. O pecuarista Flávio Costa, por exemplo, vivia no interior paulista, a 1.130 km de distância de sua propriedade em Doverlândia (GO). As visitas à fazenda ocorriam a cada 60 dias, e todo o controle era feito pela média dos resultados. Como ele atuava no ramo imobiliário, a pecuária ficava em segundo plano.
Isso tudo ficou no passado. Costa alterou o planejamento da propriedade, aumentou os investimentos e agora todas as contas são feitas na ponta do lápis. A produção de bezerros é feita de formar extremamente profissional, e o pecuarista não apenas se mudou para Doverlândia a como se tornou presidente do sindicato rural da cidade.
Flávio Costa afirma que a pecuária de corte tem que ser avaliada como uma empresa, e é preciso investir na terra, a exemplo do que fazem produtores de grãos. Segundo ele, o pecuarista deve fazer um acompanhamento muito próximo da atividade. “Você não tem como tocar (a propriedade) como se fazia no passado, até porque os custos são completamente diferentes”, diz.
Sucessão familiar
Um dos pontos que a gestão deve abordar é a questão da sucessão familiar. Especialistas afirmam que é comum na atividade haver uma “crise dos 30 anos”, quando os produtores começam a se preocupar com quem vai tocar a propriedade no futuro.
Na fazenda de Omar Machado de Souza, onde se faz seleção de nelore há 30 anos, a sucessão está bem encaminhada. O filho Diogo, de 35 anos, é quem deverá substituí-lo na condução dos negócios.
O sucessor se preparou tecnicamente e agora acompanha a experiência do pai para dominar técnica, gestão e mercado. Diogo Machado se formou em zootecnia e veterinária, e é considerado pelo pai como seu braço-direito. “Em minha falta hoje a coisa funciona normalmente, e está em boas mãos”, diz o patriarca.
A fazenda da família abriga mil matrizes, e comercializa 350 melhoradores por temporada. É nos negócios que Diogo quer avançar antes de assumir os rumos da propriedade.
“Eu faço a parte técnica da fazenda, insemino bezerro, faço a marcação, apartação. O difícil é (lidar com) a clientela, que é a parte que o meu pai faz. Essa estou aprendendo agora”, diz ele.
Para o presidente da Comissão da Pecuária de Corte Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Maurício Velloso, quando se prepara um sucessor, confere-se competência para que a propriedade seja conduzida. Dessa forma, diz, a gestão estará vinculada às necessidades do negócio moderno.