A inauguração da primeira usina de etanol feito exclusivamente de milho no Brasil, da FS Bioenergia, em Lucas do Rio Verde (MT), no próximo dia 11, é vista com bons olhos por vários setores do agronegócio brasileiro, como o de proteína animal, o de rações e o sucroenergético.
Representantes reunidos nesta segunda-feira, dia 7, em São Paulo, durante o 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), disseram que a nova usina pode contribuir para fortalecer os preços do milho na região, incentivar produtores e promover a integração com outras cadeias (proteínas, por exemplo), além de estimular políticas voltadas à produção de biocombustíveis.
“Nos Estados Unidos, as usinas pagam mais pelo milho e essas indústrias acabam se instalando próximas a integrações de aves e suínos”, disse o diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, explicando que resíduos do processamento de milho em usinas de etanol podem ser usados como ração animal.
“Há hoje um excedente de produção de milho no País que pressiona o preço para baixo, o que é muito ruim para o produtor”, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Para ele, a manutenção de preços em níveis compensadores para o agricultor fortalece a cadeia e a usina de etanol de milho pode contribuir para uma maior demanda pelo cereal.
O diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão Sousa, afirmou que a inauguração da usina da FS Bioenergia é positiva, “ainda mais onde o etanol é menos competitivo”, afirmou, referindo-se ao Estado de Mato Grosso. Para ele, a iniciativa também fortalece políticas para biocombustíveis, como o Renovabio.
Joint venture entre a brasileira Fiagril e a gestora americana Summit Agricultural Group, a FS Bioenergia recebeu investimentos de R$ 450 milhões para ser erguida. Ela produzirá 180 mil toneladas de farelo, 6 mil toneladas de óleo de milho e energia, além do etanol de milho. Inicialmente serão 240 milhões de litros por ano, que consumirão 600 mil toneladas de milho.