Com a soja mais cara no Brasil, chineses desistiram de alguns carregamentos do país e vão cumprir seus acordos de venda com grãos norte-americanos, que estão mais baratos. Na segunda-feira, 20, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou encomenda de quase 600 mil toneladas para a china em negociações realizadas no fim da semana anterior.
O chefe do Departamento de Grãos da consultoria Datagro, Flávio França Junior, afirma que o produtor brasileiro não precisa se preocupar com possíveis cancelamentos da China, pois a demanda pela oleaginosa está extremamente forte. “Se eventualmente algumas cargas forem devolvidas, esse produto será consumido no mercado interno”, diz.
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França Junior destaca que o agricultor brasileiro tem menos de 10% da safra 2019/2020 para ser comercializada até a entrada dos grãos da nova temporada, que começa a ser semeada em setembro. Assim, se o destino dos produtos será o mercado interno ou externo, pouco importa, pois não mudará nada para o produtor.
“Essa soja está sendo disputada na foice e no martelo, porque as indústrias precisam do produto para rodar até a entrada da próxima safra. Por isso os preços inflaram, batendo recordes sucessivos ”, reforça.
Acordo comercial
Segundo o analista, o acordo entre China e Estados Unidos ainda está de pé e os asiáticos estão defasados no volumes de compras dos produtos americanos. No entanto, nas últimas semanas, houveram negociações bastantes significativas.
“A China já comprou quase 17 milhões de toneladas da safra já colhida, 20% mais do que no mesmo período do ano passado. Os americanos esperavam mais. Da safra nova, o país asiático comprou 10 milhões de toneladas. Na mesma época do ano passado, não tinham comprado nada”, diz. Segundo ele, o acordo pode até ser esquecido, mas só se depender de questões geopolíticas.