O mercado internacional teme menor demanda por soja americana em meio à pandemia de coronavírus, segundo a consultoria Safras. Na última semana, o fato pressionou a Bolsa de Chicago, que registrou cinco dias consecutivos de queda, acumulando desvalorização de 3,31% no contrato maio.
Mas como será a próxima semana? O analista Luiz Fernando Roque elencou os principais fatos que vão merecer atenção de produtores e investidores. Confira:
- O mercado financeiro começa a demonstrar maior otimismo com os rumos da pandemia na Europa e nos Estados Unidos. Sinais indicam que o “pico” de expansão da doença já chegou ou está muito próximo nas principais economias do mundo, e que o pior parece já ter passado;
- Alguns países já começam a se preparar para a reabertura da economia, o que deve impedir que os problemas econômicos derivados das restrições e paralisações aumentem;
- Frente a isso, as bolsas de valores começam a esboçar uma recuperação aparentemente mais sustentável, o que retira um pouco o peso financeiro negativo também sobre Chicago;
- Apesar disso, o mercado deve continuar bastante volátil respondendo diariamente a notícias – positivas ou negativas – sobre a pandemia nas principais economias;
- No lado dos fundamentos do mercado de soja, os players receberam de forma negativa notícias de paralisação de importantes fábricas de suínos nos EUA, além de dados fracos sobre as exportações semanais norte-americanas;
- Além disso, a queda na demanda por etanol nos EUA leva o mercado a calcular uma possível transferência de áreas de milho para soja nesta nova safra (que já começou a ser semeada);
- Tais fatos levaram Chicago a perder a linha de US$ 8,40 na primeira posição nesta última semana, o que liga um sinal de alerta para o mercado;
- Os players voltam a questionar se a China irá de fato honrar o acordo comercial assinado com os EUA no início deste ano. Apesar do momento negativo, entendemos que a fraca demanda chinesa pela soja americana neste momento é algo natural e esperado;
- A tendência continua sendo de que esta demanda aumente muito no segundo semestre, refletindo em uma forte queda no Brasil. Ainda acreditamos que os chineses honrarão o acordo;
- Após perder a linha de US$ 8,40 na primeira posição, Chicago pode ter espaço para o teste do suporte de US$ 8,20. Apesar disso, as fortes perdas recentes abrem espaço para correções positivas, e é possível a retomada da linha perdida;
- Esperamos lateralidade entre as linhas de US$ 8,20 e US$ 8,85 na primeira posição, mas sem tendência de uma grande recuperação sem novidades fundamentais.