O presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura e diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, afirmou que o governo federal vai abrir edital para a construção de um terminal de fertilizantes no Porto de Santarém, Pará.
– O edital para o terminal de grãos deve sair em outubro e o de fertilizantes, logo depois, entre outubro e novembro – declarou Ferreira.
O presidente da câmara temática disse que a intenção é que a obra fique a cargo de um consórcio de empresas. Algumas delas, em especial tradings que já estão presentes em portos no Norte do país, foram sondadas e manifestaram interesse na licitação, segundo Ferreira.
O terminal para fertilizantes deve contribuir para otimizar os investimentos na região. À medida que mais empresas e produtores escoam a produção pelos portos do Norte, mais caminhões poderão retornar às regiões produtoras carregando insumos.
Segundo Ferreira, somente o volume de grãos exportado em 2015 pelos portos de Itacoatiara, Amazonas, Santarém, Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, e Itaqui, Maranhão, chegará a 15 milhões de toneladas, 3 milhões a mais que no ano passado.
O centro de estações de transbordo em Porto Velho, Rondônia, que abastece os portos de Itacoatiara, Santarém e Vila do Conde, deve movimentar 5 milhões de toneladas, 1 milhão a mais que em 2014. As estações de transbordo de Miritituba, Pará, também devem elevar a movimentação de cargas, de 1,3 milhão de toneladas no ano passado para 3,5 milhões de toneladas em 2015.
A inauguração em março do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) no Porto de Itaqui também contribui para consolidação da região como exportadora de grãos.
– O crescimento da produção (brasileira de grãos) vai ser escoado pelo Norte. Em Santarém e Vila do Conde, por exemplo, não tem “demurrage” (taxa cobrada pelo armador por cada dia de espera do navio no porto). (Os portos do) Sul e Sudeste continuarão escoando o mesmo volume. Isso até que as obras das rodovias e terminais sejam concluídas. Aí vai começar a haver uma migração dos produtos do Sul e Sudeste para o Norte – disse Ferreira.
O presidente da câmara setorial acabou de voltar de uma viagem de oito dias por diversos Estados do Norte do País para verificar, pessoalmente, o andamento das obras nos portos e estações de transbordo.
– Sabia que elas estavam acontecendo, mas durante a viagem pude constatar o estágio atual e fiquei muito animado – disse.
Segundo Ferreira, com as diversas estações de transbordo em operação, Porto Velho já tem capacidade para movimentar 12 milhões de toneladas de grãos. São quatro estações de transbordo, que recebem grãos de caminhões e levam o produto por barcaças para outros portos de Itacoatiara e Santarém: duas do grupo Amaggi, uma da Cargill e uma quarta da Transportes Bertolini.
No Porto de Santarém, as obras devem dobrar a capacidade atual de 2,5 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas ao ano. No porto de Vila do Conde, em Barcarena, a Bunge está construindo um terminal com capacidade para 4 milhões de toneladas de grãos, a ADM-Glencore está ampliando sua capacidade de 1 milhão para 6 milhões de toneladas e a Hidrovias Brasil deve concluir em março de 2016 as obras que garantirão capacidade de 4 milhões de toneladas.
Em Miritituba, de onde partem barcaças com grãos rumo aos portos de Santana, Santarém e Vila do Conde, a Bunge já opera uma estação de transbordo com capacidade para 4 milhões de toneladas. A Transporte Bertolini conta com estação de carga flutuante para 1,5 milhão de toneladas. Há obras, ainda, da Hidrovias Brasil, que deve passar a contar com capacidade para movimentar 4 milhões de toneladas a partir de março de 2016, da Cargill (3 milhões de toneladas) e Cianport (3 milhões de toneladas), ambas previstas para o segundo semestre do ano que vem.
No porto de Santana, a Cianport também está com silos prontos e começará a receber grãos no final deste ano.
– Temos cobrado incessantemente do governo federal que se desate o nó das estradas de acesso a estes portos e terminais (com diversos trechos em más condições). Tivemos uma reunião há duas semanas com outros membros do Ministério e coloquei a necessidade de priorizar a BR-163 – complementou Ferreira.
Viagem à China
Na semana que vem, Ferreira embarca para a China, onde passará 15 dias. Na pauta estão visitas e reuniões relacionadas aos sistemas ferroviário e hidroviário chinês e possíveis investimentos do país no Brasil.
– O governo chinês tem intenção de investir aqui, na ferrovia Bioceânica (projeto previsto para cortar o Brasil e o Peru, ligando por trilhos os oceanos Atlântico e Pacífico). Vamos nos encontrar com os chineses e discutir o que podemos fazer juntos para viabilizar a construção dessa ferrovia. Queremos mostrar o potencial do Mato Grosso e do Brasil – declarou.