As chuvas dos últimos dias têm atrapalhado a colheita do café em Minas Gerais, aumentando a umidade que dificulta a secagem dos grãos e deixando os produtores preocupados com a qualidade da safra. Para o cafeicultor Gabriel Alves Nunes, a chuva de quinze milímetros acumulados que caiu em sua fazenda em Alto Parnaíba, apesar de pequena, trouxa alguns transtornos.
“Creio que em torno de 30% a 40% da nossa produção já está no chão. Isso afeta muito a qualidade, pois o café fica com aspecto diferente, mais sujo, e o preço médio de venda é menor. Isso atrapalha muito os produtores no momento de safra”, disse.
Os cafés que caem são recolhidos por meio da varrição, técnica que é realizada após o término da colheita, para retirar o restante da produção e evitar que os grãos remanescentes se tornem alojamento para a broca do café, uma das principais pragas da cultura. Já no terreiro, o processo de secagem é mais lento, pois os grãos precisam se mexidos constantemente para que toda a umidade seja retirada.
“O café com umidade mais alta geralmente eles ficam abertos e a gente não tem a preocupação de tampar durante a noite. Com a previsão de chuva, a gente tem que mudar essa rotina e amontoar café mais úmido para evitar que eles molhem ainda mais”, completou.
A chuva nesta época do ano pode trazer vários problemas para os cafeicultores. Além de atrasar a colheita e prejudicar a qualidade dos grãos, ela também estimula o crescimento dos botões florais e pode modificar o ciclo produtivo da planta na safra seguinte.
O último levantamento realizado pelo Educampo, projeto que oferece assistência técnica aos produtores e monitora a cultura no estado, mostra que na safra 2017 a produção de café no cerrado mineiro vai ser de 4,5 milhões de sacas, quase 40% a menos em relação ao ciclo passado. Com essa chuva na época da colheita, até 40% deste volume pode ser de grãos com menor qualidade.
“Essa região não costuma ter chuvas com índices altos nessa época. Os cafés Já estavam maduros e racharam com a entrada brusca de água, provocando a queda. Nós, geralmente, colhemos entre 20% e 25% de café varrição, mas neste ano a gente deve colher entre 30% a 40%. Em algumas regiões, podemos chegar até a 50% de café do chão”, disse o engenheiro agrônomo da Educampo, Caio Lazarini.