Numa visão geral, poucos são os casos de comprometimento severo para bons rendimentos de soja. Das lavouras já colhidas nessa região, nenhuma ficou abaixo de
55 sacas por hectare. As áreas colhidas não representam mais que 5%, porém dentro dos próximos 20 a 25 dias espera-se colher mais de 60 % da soja cultivada nessa região.
As maiores preocupações nesse momento em função dos estádios atingidos são o controle da helicoverpa, de percevejos e da ferrugem, que até o momento, estão sendo bem administrados. Fica também a esperança de clima seco para viabilizar as colheitas.
Além das preocupações citadas, neste final de safra, dois problemas acontecem. Um deles é criado pelo próprio agricultor: a dessecação em pré-colheita da soja. A dessecação da soja é uma prática que pode ser utilizada somente em áreas de produção de grãos, com o objetivo de controlar as plantas daninhas ou uniformizar as plantas com problemas de haste verde/retenção foliar. Sendo necessária a dessecação em pré-colheita, é importante observar a época apropriada para executá-la. Aplicações realizadas antes da cultura atingir o estádio reprodutivo R7 provocam perdas no rendimento.
Foi observada em várias lavouras a dessecação realizada no estádio R6, o que deve promover perdas de rendimento, sendo mais grave ainda se ocorrerem chuvas no intervalo de sete dias até a colheita.
Outro problema inesperado está sendo a presença da lagarta falsa-medideira (Pseudoplusia includens), no estádio reprodutivo, sempre caracterizada como praga secundária na cultura da soja. Mas nessa safra, principalmente na região de Primavera do Leste, a praga está sendo considera como a principal entre todas.
Algumas situações favorecem a explosão populacional desta praga:
Em alguns casos, o dano foliar produzido pela lagarta já ultrapassou os 15%, índice limite para os estádios reprodutivos, o que indica menor rendimento.
1) Veranicos e altas temperaturas,
2) Aplicação exagerada de inseticidas sem critério técnico, no início do desenvolvimento da soja, não obedecendo os níveis de dano indicados no Manejo Integrado De Pragas, afetaram negativamente as populações dos inimigos naturais.
3) Uso de fungicidas não seletivos para o controle da ferrugem asiática da soja, que também favoreceram o aumento dos problemas com a lagarta falsa-medideira por reduzir a incidência das doenças fúngicas, como a doença branca e a doença marrom, que controlam naturalmente a lagarta.
4) Temperaturas elevadas, acima de 30°C, e a umidade abaixo de 60% aumentam a evaporação dos produtos químicos, dificultando o controle. Nessas condições, sugere-se controlar as lagartas durante a madrugada.
5) Esta lagarta tem hábito diferente da lagarta-da-soja, que sempre foi considerada uma praga principal para a soja. A lagarta falsa-medideira é mais tolerante a inseticidas, e para o seu controle necessita de doses de duas a quatro vezes maiores. Ela se alimenta de folhas da parte mediana da planta e ocorre no período reprodutivo da soja. Dessa forma, fica “protegida” pela parte superior (dossel) da planta, que nessa fase da cultura está fechado. Isso dificulta o contato do inseticida com a praga e ainda é agravado quando se utiliza um baixo volume do produto recomendado por hectare.