– A soja louca está deixando todo mundo louco aqui porque a gente está numa região localizada com a incidência dela. A gente não tem uma pesquisa que nem em Mato Grosso, os grandes (Estados) produtores. Essa pesquisa de soja louca não é feita, porque não se tem interesse, e a gente tem que fazer por conta própria – destaca Zancaner.
O produtor explica que mesmo trabalhando há 12 anos com plantio direto, e fazendo uso de produtos de qualidade, quase desistiu de plantar soja:
– Porque uma soja que é para produzir igual a eu gradeei no passado, consegui produzir 54 sacos, por hectare. E eu colhi, dois anos seguidos, um 25 e no outro, 27 sacos.
Além do baixo rendimento, Murilo Zancaner conta que a soja louca gera um grão esverdeado, que prejudica a classificação, se misturada a outro grão. Ele chegou a desistir da colheita de 200 hectares atingidos pelo problema:
– Ela fica estiolada e verde. Então a colhedora, para colher, você desseca e ela não morre, então você entra para colher e os grãos estão todos verdes. Aí você colheu uma soja que não produziu quase nada, para você misturar com uma outra soja boa que você colheu vai dar o prejuízo na classificação da outra soja. Então, nem compensa eu colher.
A falta de pesquisas é uma das grandes preocupações dos produtores em relação ao distúrbio. Por falta de instrução, eles acabam perdendo a produção, sem saber como tratar a soja louca, que só se revela no período reprodutivo.
– O agravante dela, é que você está investindo para colher 60 sacas por hectare, está fazendo adubação foliar, está fazendo os tratos culturais, e você vai perceber ela quando ela já está soltando as vagens. Aí que você vai ver que ela está com soja louca: ela começa a engrossar a folha, ela fica estiolada nos internódios dela e a vagem verde. Você pode jogar dessecante e ela continua verde – descreve o produtor.
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