A pausa nas atividades decorre dos estoques elevados de carne nas câmaras frias das unidades fabris. Como os manifestantes não permitem o transporte do produto final em caminhões, o escoamento da produção para o mercado doméstico e para os portos fica inviabilizado.
O Sindicarne estima que seja realizado o abate diário de 3 milhões de frangos e de 20 mil suínos na região. O presidente da entidade, Ricardo de Gouvêa, também alerta que as rações para os animais da região acabaram.
– Os animais já não têm mais o que comer. Se o abate é paralisado, isso é um prejuízo, mas o risco maior é o de os animais perderem sua resistência orgânica porque não comem -– disse Gouvêa.
O sindicato afirma que produtores estão alimentando os animais com milho puro, para garantir a sua sobrevivência, já que remessas de farelo de soja e de suplementos não chegam para produzir a ração.
Por conta disso, Gouvêa afirma que é maior o risco de uma doença afetar os criadouros de Santa Catarina.
– Se a enfermidade ocorrer e for de um tipo complicado, podemos ficar de fora do mercado internacional – disse.
– Independentemente do que eles (os caminhoneiros) pedem em seu movimento, as paralisações estão indo de encontro a uma cadeia produtiva da qual eles fazem parte. E eles mesmos podem ser prejudicados lá na frente – completou Gouvêa.
Indústrias interrompem abate de suínos no RS
Os protestos dos caminhoneiros estão prejudicando a indústria de suínos do Rio Grande do Sul, onde diversos trechos de rodovias federais e estaduais estão bloqueados desde segunda, dia 23. A unidade do frigorífico Alibem localizada em Santa Rosa, no norte do Estado, está com as atividades interrompidas desde o início da semana. Outra fábrica, que fica em Santo Ângelo, deve parar nesta quinta-feira, dia 26.
De acordo com o diretor de Operações da Alibem, Juscelino Gonçalves, a indústria tem dificuldade de receber animais para abate, bem como de escoar o produto final. Segundo ele, a situação se agravou nas últimas horas porque as granjas que criam os animais não têm mais ração para alimentá-los.
– Em algumas partes os suínos estão há 35 horas sem comida, porque o estoque de grãos que havia já se foi – disse.
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), Valdecir Luis Folador, explicou que a crise se espalha por diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
– Tem suínos que já estão passando fome porque falta ração. Há uma estimativa diária de envio de ração para o campo e, por causa dos bloqueios, nem 30% do previsto está chegando às propriedades. Cada dia que passa a situação piora – afirmou Folador.
A dificuldade de tirar os animais das granjas é outro problema apontado. Como os suínos prontos para o abate permanecem nas propriedades, o desenvolvimento de toda a cadeia sofre atrasos.