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Última reportagem da série fala sobre o desafio da sucessão familiar no campo

De acordo com o Sebrae, apenas um em três empreendimentos chega à segunda geraçãoUm dos desafios em muitas empresas familiares, inclusive no campo, é a sucessão. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apenas um em três empreendimentos chega à segunda geração, e só uma minoria passa para a terceira. Preparar os jovens para os negócios da família é um dos caminhos. Esse é o assunto da última reportagem da série especial da Rota da Pecuária.

Tal pai, tal filho. E não é só no figurino, não. Ao lado do pai, o pequeno Eduardo já aprende como funciona o dia a dia de trabalho na Fazenda Paraíso, em Rio Verde, Goiás. Apenas seis anos e já cheio de certeza sobre o futuro. Eduardo dá os primeiros passos para ser a terceira geração no campo.

– Meu pai é mineiro. Ele veio para Goiás há uns 50 anos e começou na atividade. Já tem 20 anos que eu comecei. E agora já estou repassando para o meu filho. Sempre que ele tem folga na escola ele está acompanhando na fazenda – afirma o pecuarista Sandro Leão Ribeiro.

Mas nem sempre a sucessão na pecuária é tranquila. Quem vê Carlos Augusto Carvalho hoje no comando dos 3,8 mil hectares da Fazenda Bálsamo, em Serranópolis, sudoeste goiano, não imagina o passado difícil que ele enfrentou. Aos 33 anos, perdeu o pai. E, como único filho e sem experiência e condições para tocar os negócios, se obrigou a desfazer-se de 4 mil hectares de terra e seis mil cabeças de gado. Mas a paixão pelo campo e a vontade de seguir o trabalho do patriarca ajudaram Carlos Augusto a escrever uma nova história.

– Dói na gente saber o trabalho que sua família teve e do qual você se desfez. Mas eu faço de tudo para não se lembrar disso mais – afirma o agropecuarista.

Para isso, ele conta hoje com a ajuda dos filhos. Karlúcio Gomes Carvalho nem conheceu o avô, mas reconhece o valor de cada pedacinho de terra que um dia vai ser dele. E, quem sabe, das futuras gerações.

– É um legado que ele deixou aqui para nós. Tudo que eles conseguiram foi com muito trabalho – afirma Karlúcio.

Karlúcio se formou em medicina veterinária. Aos 31 anos, administra a propriedade e tem planos de qualificar ainda mais o rebanho de 900 cabeças.

Segundo dados do Sebrae, 70% das empresas familiares encerram as atividades com a morte do fundador,30% sobrevivem à segunda geração e apenas 5% chegam à terceira. Mas há quem se preocupe em buscar alternativas para não seguir essa estatística.

Na Fazenda Santos Reis, no município de Carneirinho, no Triângulo Mineiro, a família contratou até uma empresa para ajudar a organizar o processo de sucessão familiar da propriedade.

– Em um primeiro momento, a consultoria faz uma análise de toda a atividade e do contexto familiar. Depois, é montado um projeto para ser apresentado e acordado entre todos os membros da família, com o intuito de se perpetuar o negócio para gerações futuras – afirma o pecuarista Antônio Celso Bernardes de Oliveira.

Dentro do projeto, foi criado um conselho familiar, com reuniões freqüentes entre todos os membros da família. Os encontros são realizados no início, meio e fim de cada safra da propriedade de 2 mil hectares e 3 mil cabeças de gado, às margens do Rio Paranaíba.

– Mesmo que cada uma das futuras gerações tenha suas profissões e seus negócios, um da família às vezes estará gerindo o negócio. E também prestando conta e dando clareza a todos de como está sendo administrado – diz Antônio Celso.

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