A estimativa de área para o milho veio dentro do esperado, 36 milhões de toneladas, com queda de 1,8% sobre o total cultivado no ano passado, de 36,6 milhões de toneladas. Para a soja, abaixo do esperado por muitos. A estimativa de área de soja em 33,7 milhões de hectares é vista como uma “surpresa” já que os números que rondavam o mercado eram em torno de 34,4 a 35,6 milhões de hectares.
A consultoria AGR Brasil frisa que no mesmo evento, em fevereiro do ano passado, o USDA subestimou a área final de soja em mais de 1,5 milhões de hectares. A AGR acredita em uma área de soja e milho levemente maiores do que os dados anunciados hoje.
– Vemos a área para soja e milho entre 34 e 34,5 milhões de hectares e 36,2 a 36,5 milhões de hectares, respectivamente – informa a consultoria.
Preços
O USDA projetou queda nos preços médios das principais commodities em 2015/2016. Para a soja, o USDA estimou que o preço médio ficará em US$ 9/bushel em 2015/2016, ante US$ 10,20/bushel no ciclo atual.
No caso do milho, o preço médio deve recuar de US$ 3,65/bushel em 2014/2015 para US$ 3,50/bushel na próxima temporada. O preço médio do trigo deve ficar em US$ 5,10/bushel em 2015/2016. Para 2014/2015, o USDA estima US$ 6/bushel.
As projeções foram apresentadas pelo economista-chefe do departamento, Robert Johansson. Segundo ele, as cotações e margens de lucro mais baixas devem fazer com que os produtores reduzam a área semeada com as três commodities.
– Preços mais baixos vão fazer com que sejam plantados menos acres – disse Johansson, acrescentando que a área cultivada nos EUA com as oito principais culturas diminuirá 1,3%, para 254,6 milhões de acres.
Conforme a AGR, os dados de hoje deixam o mercado um pouco confuso, mas não são suficientes para alterar o quadro atual de patamar de preços de soja e milho (US$ 9 a US$ 10,20 e US$ 3,60 a US$ 4,20 respectivamente) pelo menos até o início de maio.
Os preços podem, temporariamente, escapar estes patamares, mas a soja acima de US$ 10 e milho acima de US$ 4 são vistos como excelentes oportunidades de venda dentro do quadro atual, aponta a consultoria.
Já a partir de maio, quando se inicia o mercado climático para a safra nos EUA, tudo pode acontecer, pois o clima dominará as atenções. Por último, vale frisar que as estimativas de área anunciadas são feitas com base em estudos e projeções econômicas do USDA e não com base em pesquisa direta com produtores. O primeiro anúncio de áreas para a nova safra com base em pesquisa direta será no final de março.
Algodão, arroz e sorgo
A área plantada com algodão nos EUA deve diminuir 12,1% em 2015/2016, para 3,92 milhões de hectares. Ainda conforme o USDA, o plantio de arroz deve ter redução de 1,3%, para 1,17 milhão de hectares.
Conforme o governo norte-americano, produtores do país devem dedicar mais acres a grãos usados em ração que atualmente são menos cultivados no país, como o sorgo. O plantio da cultura deve ter aumento de 9,1% em 2015/2016, para 5,66 milhões de hectares, em resposta à demanda da China, segundo Johansson.
– O USDA projeta que o aumento recente das importações chinesas de sorgo e cevada – usados principalmente como ração – terá continuidade no futuro – disse Johansson