Dólar fecha com alta superior a 1%, diante do avanço da Covid nos EUA

O dólar comercial fechou em alta de 1,19% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4840 para venda, no maior valor de fechamento em uma semana, em dia de forte oscilação da moeda estrangeira seguindo o exterior mais avesso ao risco em meio à cautela com o avanço da covid-19 nos Estados Unidos e influenciado pelo reajuste no mercado de ações. Na reta final dos negócios, declarações dos presidentes dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e da Europa elevaram a aversão ao risco.

“Os temores renovados em relação ao constante avanço da pandemia do novo coronavírus pelo mundo deram sustentação a esse movimento [de alta]”, diz o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, em meio às renovações de recordes de casos de contaminação nos principais países europeus e nos Estados Unidos.

Ele destaca que o avanço da moeda na segunda parte dos negócios reagiu aos pronunciamentos dos presidentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell,  e do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, no qual deixaram claras as preocupações das autoridades monetárias em relação à segunda onda de covid-19 sobre as economias.

Powell voltou a afirmar que a economia norte-americana precisará de apoio monetário e fiscal adicional para superar os desafios da pandemia do novo coronavírus. Já Lagarde reiterou que as políticas monetária e fiscal devem continuar apoiando a economia. Porém, há “menos incertezas em várias frentes”, principalmente, em relação ao avanço de vacinas.

“A vacina reduz alguma incerteza”, disse, porém, ponderou que apesar de ser uma notícia positiva, “não é hora de ser exuberante”, uma vez que resultados mais completos sobre a eficácia do medicamento serão concluídos no ano que vem. “Incertezas permanecem sobre logística de transporte, fabricação, número de pessoas que serão vacinadas em 2021”, declara a presidente do BCE.

O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, avalia que o movimento da sessão também foi um reajuste após os ganhos recentes do real. “Não tem como o dólar se sustentar nos níveis abaixo de R$ 5,30, R$ 5,35 sem sinalização positiva do [nosso cenário] fiscal”, diz.

Ele acrescenta que o mercado também pode estar antecipando um movimento de proteção diante as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, no fim da manhã, no qual considera continuar com o pagamento do auxílio emergencial caso o Brasil tenha uma nova onda de contaminação por covid-19, já que a grande preocupação do mercado é com o teto de gastos, além do orçamento – ainda não aprovado – para 2021.

Nesta sexta, 13, o destaque na agenda de indicadores fica para a leitura preliminar do PIB da zona do euro no terceiro trimestre. Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a reação dos mercados vai depender do resultado do indicador.

“Se o dado vier muito ruim, aumenta a pressão para o BCE aumentar afrouxamento monetário em meio à segunda onda de covid-19 por lá. Mas não deve vir uma sinalização instantânea”, diz. Ela reforça que, na ausência de notícias no âmbito fiscal doméstico e sobre vacinas, o movimento da moeda tende a ser “mais do mesmo” exibido ao longo da semana com forte oscilação.

Por Agência Safras