O dólar comercial fechou em queda de 1,08% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3840 para venda, em sessão
volátil, com investidores calibrando as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a política de preços da Petrobras, apostas de alta da taxa básica de juros (Selic) em março, fluxo local e o movimento no exterior. Na
semana, mais curta em razão do feriado prolongado de carnaval, a moeda subiu 0,19%, interrompendo a sequência de três semanas seguidas de sinal negativo.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca a volatilidade da moeda na abertura dos negócios, com o dólar indo a R$ 5,47, maior valor intraday desde o início do mês, refletindo as críticas do
presidente Bolsonaro à política de preços da Petrobras, declarando que “alguma coisa vai acontecer na estatal nos próximos dias”.
“A moeda inverteu sinal e passou a cair reagindo às ofertas de exportadores, ingressos de investidores estrangeiros e de uma entrada expressiva de capital de uma grande empresa, o que levou a moeda às mínimas de R$
5,36”, reforça, acrescentando que o real chegou a ter o melhor desempenho em uma cesta com as 34 moedas globais mais líquidas.
Já o chefe da mesa de operações de uma corretora estrangeira ressalta que a divisa local sustentou queda diante das apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá subir a taxa Selic em março.
“Dado que o juro baixo contribui para o enfraquecimento da moeda brasileira, o desempenho do real tem melhorado à medida que a perspectiva de alta da taxa se aproxima”, diz.
Na próxima semana, a última do mês, a agenda de indicadores estará carregada com destaque para a prévia da inflação doméstica em fevereiro, dados de atividade dos Estados Unidos e da Europa, além de falas do presidente
do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. Para a equipe econômica do Bradesco, o IPCA-15 deste mês deve trazer “algum alívio” dos preços dos alimentos, com os núcleos demandando maior atenção.
Enquanto lá fora, os dados da economia norte-americana continuarão tendo destaque. “Após a surpresa positiva com o resultado das vendas do varejo em janeiro, espera-se um crescimento dos gastos pessoais no período.
Adicionalmente, as sondagens de fevereiro devem reforçar a percepção de aceleração da atividade dos Estados Unidos”, acrescentam os analistas do banco.
Segundo os analistas da corretora Mirae Asset, o câmbio continuará volátil, sendo influenciado por notícias em relação à covid-19 ao redor do mundo e ao quadro político local. Além de notícias sobre as negociações do
pacote de estímulo fiscal norte-americano e aqui, com investidores atentos às tratativas no Congresso de mais uma rodada do auxílio emergencial.
Por Agência Safras