O cenário de mercado para o etanol está mais negativo agora na comparação com algumas semanas atrás. Em Live no Instagram realizado nesta tarde, o analista de Safras & Mercado, Maurício Muruci, relacionou a mudança de viés para o biocombustível basicamente com a queda nas cotações internacionais do petróleo.
“O recuo nos preços do barril do petróleo do tipo Brent está impactando negativamente o mercado de etanol, e o cenário passou a ser mais negativo para o hidratado”, resumiu o analista.
O segundo fator de pressão sobre o biocombustível é o resultado abaixo do esperado das vendas das usinas do Centro-Sul em agosto, o que indica uma desaceleração na demanda, que vinha se recuperando desde o início da pandemia. “A expectativa de vendas de etanol em agosto era de 1,65 bilhão de litros. A realidade mostrou comercialização de 1,58 bilhão de litros. Embora, em volume, não tenha sido uma diferença tão grande, o impacto psicológico foi forte. Desde maio que a demanda pelo biocombustível vinha se recuperando gradativamente, o que foi interrompido em agosto”, assinalou Muruci.
Os três reajustes negativos na gasolina promovidos pela Petrobras somente em setembro, reflexo da queda no petróleo, ajudam a desenhar uma curva futura de preços abaixo da esperada para o etanol. Ajuda a desenhar um cenário mais negativo o fato de as usinas estarem com necessidade de fluxo de caixa, colocando mais oferta para comercialização no mercado à vista (spot), além de estoques que apresentam volume acima da média histórica dos últimos cinco anos.
“Com isso, o viés para o etanol hidratado está cada vez mais fragilizado. A demanda apresenta problemas, os efeitos da pandemia não acabarão logo no mês que vem… Na verdade os impactos irão se prolongar pelo primeiro trimestre de 2021. A válvula de escape para as usinas continuará sendo a exportação de açúcar VHP”, diz o analista.
Por Agência Safras