Impactado por China, EUA e riscos fiscais, dólar fecha em alta de 0,67%

O dólar fechou em R$ 5,2660, com alta de 0,67%. Esta elevação deve-se ao temor de uma desaceleração mais forte na China e aos índices positivos dos Estados Unidos. No âmbito interno, as já habituais incertezas fiscais continuam preocupando o mercado e enfraquecendo o real.

Para o economista da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “os números ruins do varejo chinês, somados à notícia de que a Evergrande gigante incorporadora chinesa – está em moratória, apontam a desaceleração da China”.

Em contrapartida, os indicadores nos Estados Unidos são animadores: “As vendas no varejo foram muito fortes, apesar da variante Delta. Isso é um indicativo de que talvez o FED antecipe o tapering (remoção de estímulos)”, pontua Borsoi.

Já no cenário interno, as preocupações fiscais – como os precatórios – começam a fazer par para o ressurgimento de um ambiente político conturbado: “A carta do Bolsonaro começa a perder força, como foi visto na devolução da MP das fake news pelo (presidente do Senado, Rodrigo) Pacheco e na convocação da ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, para depor na CPI da Covid”, enfatiza Borsoi.

De acordo com o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o aumento do varejo nos Estados Unidos é algo mais pontual (+0,7 em agosto ante julho, enquanto as expectativas eram de -0,8%) – assim como a queda do preço do minério de ferro – sem grandes impactos no câmbio”.

Por outro lado, Weigt vê um real bem resiliente, com pequenas oscilações nas últimas semanas, com exceção dos dias 8 e 9 de setembro, datas que envolveram os impactos do discurso do presidente no Dia da Independência e a carta do chefe do executivo, respectivamente.

“O fundamento é de um real ainda bastante desvalorizado, mas este movimento de taxas de juros é benéfico para a moeda brasileira”, fala Weigt, referindo-se à Selic (taxa básica de juros), que deve sofrer aumento de 100 pontos percentuais na próxima semana.

Apesar disso, a parte fiscal ainda continua sendo o maior entrave ao real: “A questão fiscal continua sem direção, cada hora surge uma proposta”, pontua o Weigt. Ele ainda ressalta que, resolvendo estas celeumas, o dólar tende a cair com mais força até o final de 2021.

Por Agência Safras