Surtos de influenza aviária altamente patogênica (HPAI) estão ameaçando o futuro da indústria de ovos e aves da França, disse em relatório o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Paris. Até 19 de abril deste ano, 1.300 granjas francesas tinham sido infectadas, e dezenas de novos casos são descobertos todos os dias, disse o adido.
Desde o início do inverno de 2021 (do Hemisfério Norte), a França sacrificou mais de 15 milhões de aves (ou cerca de 5% dos estimados 300 milhões de aves que compõem a população total de aves do país). Assim como nos surtos anteriores, novos casos de HPAI foram descobertos pela primeira vez no sudoeste da França, onde patos são criados ao ar livre para a produção de foie gras.
Em janeiro e fevereiro de 2022, o vírus HPAI se espalhou para o oeste da França, notadamente o distrito de Vendée e a região de Pays de Loire, afetando maiores plantéis comerciais de aves, incluindo frangos de corte, perus e galinhas poedeiras criadas em ambientes fechados.
A variante H5N1 do vírus parece ser altamente transmissível e está se espalhando rapidamente também para espécies de aves ameaçadas de extinção em zoológicos, disse o adido. Segundo o USDA, o setor avícola francês já vinha perdendo competitividade na última década.
“Embora a demanda do consumidor francês por ovos e carne de aves tenha crescido mais de 40%, a produção francesa de aves diminuiu”, afirmou o adido, acrescentando que os produtores franceses também estão perdendo participação no mercado doméstico para fornecedores de menor custo da União Europeia, como Bélgica, Polônia e Holanda. Atualmente, menos de 50% da carne de frango consumida na França é de origem doméstica. A França continua sendo um dos maiores produtores de ovos da UE, mas seu superávit comercial em ovos e derivados também está diminuindo, afirmou o adido.
O USDA observou que a situação é agravada pelo aumento dos custos de produção, especialmente para mão de obra e ração animal. Os grãos sozinhos representam quase 65% dos custos totais de produção de aves. E o conflito Rússia-Ucrânia acrescentou pressões inflacionárias sobre transporte, energia, ração e mão de obra.
Por Estadão Conteúdo