Rio Grande do Sul

Mirtilo tem alta produtividade no Rio Grande do Sul

Com mercado de valor agregado, fruta conta com produção que se adapta ao frio

Uma pequena fruta vem conquistando produtores gaúchos. Com mercado de valor agregado e produção que se adapta ao frio, o mirtilo ainda tem alta produtividade por hectare no Rio Grande do Sul.

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Nas fileiras de uma fazenda em Encruzilhada do Sul, na região central do Rio Grande do Sul, mãe e filha, que já comandavam uma propriedade de olivas, implementaram um hectare há dois anos da fruta de cor roxa-azulada e com gosto agridoce: o mirtilo — também conhecida pelo termo em inglês, blueberry. A oportunidade de negócio conquistou a dupla.

“Fizemos algumas perguntas aqui na região, no mercado e disseram que uma das coisas que mais eram pedidas na associação de fruticultores era o mirtilo”, diz a produtora rural Ondina Becker. “Aí, fomos atrás para estudar e saber qual a adaptação dela no solo. Vimos que realmente era uma adaptação boa para nós e também fomos olhar a aceitação dela no mercado e o investimento”, prossegue a agricultora do interior gaúcho.

“O cultivo em si é muito mais barato que outras culturas que a gente vê por aí” — Paula Becker

“Inclusive, o custo anual não é tão alto. A gente tem um funcionário que cuida de todo esse hectare e, na verdade, a parte mais pesada mesmo é a questão da colheita, pois é manual e de repasse de dois a três meses”, relata Paula Becker, gerente da propriedade rural que se dedica à cultura do mirtilo. “Mas o cultivo em si é muito mais barato que outras culturas que a gente vê por aí”, complementa ela, que é filha de dona Ondina.

Mirtilo: mercado em crescimento no Brasil

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Foto: Eliza Maliszewski/Canal Rural RS

A pequena fruta está em plena colheita no Rio Grande do Sul neste início de ano. E o mercado tem crescido a cada dia. Isso porque o mirtilo produzido no Brasil costuma ser mais doce do que em outros países, como no Chile, por exemplo. Assim, a produção nacional do fruto acaba por ter maior atratividade entre consumidores. Atualmente, Ondina e Paula vendem o quilo a uma média de R$ 48,00. Diante disso, elas buscam expandir o negócio para outros estados brasileiros.

“Hoje, a gente está suprindo a maior rede de supermercados do Rio Grande do Sul. Além disso, temos três grandes distribuidores de frutas vermelhas em São Paulo, que compram nosso mirtilo”, conta Ondina. “Por fim, estamos tentando expandir em mais estados ainda. Nesse sentido, temos negociações em Santa Catarina e no Paraná e também estamos [ganhando espaço para a] venda do congelado e da geleia”, prossegue a produtora.

Cultivo ganha vez no Rio Grande do Sul

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Foto:

O cultivo do mirtilo está presente em quase todas as regiões do Rio Grande do Sul, pois a fruta se adapta bem às áreas de clima mais frio. Outra vantagem da cultura está na produtividade. Em apenas um hectare é possível retirar até 25 toneladas.

O último censo frutícola feito pela Emater-RS mostrou que o estado gaúcho avança no cultivo, sendo o principal produtor de mirtilo no Brasil. “Nessa oportunidade se levantou próximo a 70 hectares, uma produção de cerca de 400 toneladas anuais“, informa Eduardo Pagot, engenheiro agrônomo extensionista da Emater-RS.

Ele, contudo, indica que o Rio Grande do Sul terá concorrência interna no quesito produção de mirtilo. “Mas a gente já sabe que está havendo um crescimento. Ao mesmo tempo, em outros estados do Brasil está havendo cultivo de variedades com baixa resistência a frio e cultivos fora de solo no Sudeste. Até no extremo norte do país estão surgindo novos cultivos.”

Cuidados na produção de blueberry

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Foto: Sara Kirchhof/Canal Rural

Para quem se interessa, o mirtilo entra bem na diversificação de culturas e para viabilizar custos de outras atividades. Para ser produtiva, a lavoura precisa de irrigação. Na propriedade de Paula e Ondina, o pessoal também usa palha de pinheiro para segurar a umidade. E a expectativa é aumentar a área de cultivo.

“A nossa ideia realmente é aumentar e atingir mercados externos” — Ondina Becker

“Dá trabalho, mas tem o retorno. A nossa ideia é em algum momento chegar a cinco hectares”, diz Paula. “É um orgulho a gente ver os pés tão lindos e todo ano produzindo cada vez mais e a nossa ideia realmente é aumentar e atingir mercados externos”, afirma dona Ondina, que, a saber, é direta ao ser questionada sobre o sabor do mirtilo produzido em sua fazenda localizada no interior gaúcho: “irresistível!”

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