Parte das lavouras de café do Sudeste tiveram floradas em um momento de altas temperaturas e baixa reserva de água no solo. O cenário preocupa, pois o clima adverso pode comprometer a produção a ser colhida em 2021. O tema foi discutido durante a segunda edição do Fórum Técnico Café e Clima, realizado online pela Cooxupé, uma das maiores cooperativas de café do mundo.
Durante a live, o engenheiro agrônomo e produtor de café Guy Carvalho disse que nunca viu as floradas do café se abrirem sobre condições como essas. “E só temos previsão de chuva a partir do dia 10 de outubro. Tivemos essa condição de calor e seca estendida por mais 10 dias após a abertura dessa grande florada, e isso levou a plantas ao limite”.
Carvalho destacou as possíveis perdas que podem ocorrer por causa disso. “Mesmo lavouras boas que produziram pouco este ano ou foram podadas recentemente apresentaram grande desfolha do fim de agosto para cá, além da queda de potencial quando comparada com o final do outono”, disse. “Já lavouras mais velhas, que iriam ser podadas e tiveram alguma restrição, estão ainda piores, e sem dúvida deverão receber a poda. Outras lavouras que não seriam podadas estão apresentando necessidade de poda. Se o cafeicultor optar por não podar, a produtividade será muito baixa mesmo que a chuva se normalize a partir de agora”, completa.
O agrônomo e coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Eder Ribeiro, avalia o quadro de déficit hídrico. “O volume acumulado de janeiro a setembro ficou superior a média histórica, mas a distribuição dessa chuva foi uma tragédia. Choveu muito nos dois primeiros meses, um pouco no terceiro mês e a partir daí não ocorreu mais chuvas”, conta.