O programa Mais Milho deste sábado, dia, visita a família Cadore, de Primavera do Leste (MT). Administrada por quatro irmãos, a fazenda Santa Rita leva o nome em homenagem a mãe dos produtores. Uma história de sucessão familiar peculiar já que ao contrário de outros exemplos, nem todos são agrônomos. Um é contador, outro formado em mecanização, o mais novo é advogado. Apenas um dos filhos se formou em agronomia.
“Meu pai sempre deixou que a gente fizesse as coisas, nunca foi centralizador. Eu tenho muito orgulho dele ter feito assim, e isto se transformou num processo de transição natural”, conta Fernando Cadore, o agrônomo da família.
- Milho: produtor de Lucas do Rio Verde (MT) ganha dinheiro protegendo o solo
- Veja como chegar a 140 sacas por hectare na segunda safra de milho
Primavera do Leste foi uma das primeiras cidades da região a plantar milho safrinha, hoje chamado de segunda safra em função do grande volume produzido. Por isto, o parque de máquinas da família Cadore já é preparado para a semeadura do grão.
“O milho otimiza nosso centro de custo em máquinas”, revela Fernando. Os Cadore plantam 100% da área com milho, cerca de 3 mil hectares, e utilizam a área de refúgio para preservar a biotecnologia.
“É um negócio, né? O milho te dá rentabilidade. Mas as coisas não acontecem de graça, a gente prima por genética, busca tecnologia, controla pragas, doenças e investe em fertilidade, corrige cálcio e magnésio, a cultura requer isto”, ensina Cadore.
Boa produção, baixa remuneração
Os produtores estão satisfeitos com a produção desta safra, mas reclamam do baixo preço pago pelo milho. E responsabilizam a falta de opção para vender o grão.
“Somos dependentes da exportação, agora a variação cambial está boa. Mas e quando a balança não favorece?”, questiona o produtor Marcos Bravin, que comemora o surgimento das usinas que fabricam etanol utilizando o milho como matéria prima.
“A gente tem que acolher e abraçar estas iniciativas porque vai depender disto a produção de milho para as próximas gerações”, diz.
Logística
A logística foi um dos assuntos mais conversado entre o apresentador Glauber Silveira e os convidados do Mais Milho deste sábado. Os produtores rurais reivindicam a abertura do transporte ferroviário, que hoje oscila 5% a mais ou a menos de preço na comparação com o modal rodoviário. Enquanto novas rotas estão em um horizonte ainda difícil de ser tocado, a solução pode ser caseira.
“A gente tem que aprender a usar o que já tem de maneira viável. Não é concebível ter uma ferrovia a 130 quilômetros daqui e não conseguir utilizá-la. Até ter outras opções, por que a gente não usa as que já tem?”, questiona Fernando.
Taxação do milho
Os produtores de Mato Grosso estão inconformados com a taxação sobre o milho imposta pelo governo estadual. No Mais Milho deste sábado não foi diferente. Os convidados Fernando e Dilson Cadore e Marcos Bravin reclamaram do tributo.
“Falamos de várias pragas, mas a praga nova que a gente não tem controle é o governo estadual com esta taxação em cima do milho que chega a 2,5% no bruto, e no líquido vai a 10% podendo alcançar 15%. Num estado onde fomos pioneiros e desenvolvemos a economia, está faltando diálogo do governo”, desabafa Marcos Bravin.