Se a China comprar mais de US$ 30 bilhões em commodities agrícolas dos Estados Unidos, o que seria um recorde, os preços da soja, milho e carnes devem subir ainda na Bolsa de Chicago, afirma o analista de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
“A China nunca comprou tudo isso, e o acordo da fase é de US$ 40 bilhões, com o governo americano acreditando que pode chegar a R$ 50 bilhões. É importante dizer que os ele deve ser assinado no dia 15 de janeiro, mas os termos ainda não ficaram claros, como, por exemplo, em quanto tempo serão feitas essas compras. Se forem em um ano, os preços tendem subir”, diz.
A alta do milho em Chicago, aliada à demanda interna e exportações aquecidas, pode complicar a vida de quem demanda o grão, como é o caso dos pecuaristas. “Nossos estoques serão mínimos nos próximos meses. Muitas regiões não tem, porque o milho primeira safra é irrisório”, afirma.
- Milho: sem chuva, produtores do RS já registram perdas de até 10%
- ‘Milho deve pesar mais no bolso do pecuarista em 2020’
Para o curto prazo, a Terra Agronegócios vê um cenário extremamente difícil. Fernandes afirma que, de 15 a 10 de março, o Brasil pode sofrer com um “buraco de oferta”. “O produtor do Cerrado não vai querer comercializar, porque está focado em outras coisas. Com isso, o milho pode ficar de R$ 5 a R$ 6 mais alto”, alerta.
A preocupação maior é a segunda safra. “Temos que lembrar que 70% da produção total de milho vem dela. Caso as chuvas não sejam muito benéficas e tenhamos uma quebra, o quadro de oferta e demanda ficará extremamente preocupante”, frisa.