Compradores de milho têm motivos para se preocuparem com os preços do milho, afirma o chefe do Departamento de Grãos da consultoria Datagro, Flávio França Junior. Segundo ele, diante de uma demanda bastante aquecida no Brasil e no mercado internacional, o setor de proteína animal conta com uma safra 2020/2021 cheia, o que pode não se concretizar.
A grande ameaça às lavouras do cereal é o La Niña, que, de acordo com França Junior, vem ganhando força e deve castigar o Centro-Sul com chuvas irregulares nos próximos meses. “Há um nervosismo, uma tensão no mercado. Cada chuva que cai é muito importante. Temos uma situação irregular no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Paraná, a umidade também não está homogênea [não abrange todo o estado]”, diz.
O analista afirma que 2021 também será marcado por preços do milho altos e não há como escapar disso. Do lado do produtor do cereal, pelo menos um alívio: a área plantada e a produção só devem ser enxugadas caso o clima não colabore.
“Isso asseguraria o abastecimento. Mas pode ser que não aconteça, e é a insegurança que mata. A gente percebe [neste momento] consumidores adiantando as compras. Das vendas da safra de inverno 2021 temos 40% já negociadas; o normal seria 15%”, afirma.
O que França Junior não garante é que o milho tenha preços superiores no ano que vem, quando comparado ao cenário atual. “Dependeria de uma conjuntura de fatores: mercado internacional alto, câmbio alto e perdas na safra”, conclui.