O risco climático mantém firmes os preços do milho no mercado interno, por enquanto, afirma o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras. Segundo ele, há lavouras no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo bastante suscetíveis. “Há risco de geada nesta terça e quarta-feira [dias 26 e 27 de maio] e uma frente fria bastante forte na semana que vem”, diz.
Com isso, a pressão de venda comum ao período não vem ocorrendo, destaca o analista. “O produtor não deseja vender enquanto não sabe o que vai colher”, afirma.
Por outro lado, a entrada da segunda safrinha começa a pressionar os preços no mercado doméstico. “Passado os riscos, teremos a colheita mais forte no fim de junho e começo de julho, assim os preços serão indexados no interior do país”, diz.
Molinari afirma que há muita safrinha ainda a ser negociada e diz que não concorda com índices muito grandes de comercialização. “Temos preços caindo em Mato Grosso. Se já tivéssemos tudo isso comercializado, seria uma queda bem mais amena. Não devemos confiar”, diz. Ele estima que pelo menos metade da segunda safra ainda esteja nas mãos dos produtores.
Outro fator que tende a pressionar as cotações do cereal é a desvalorização do dólar frente ao real. “Tanto o milho quanto a soja tiveram um bom efeito com a disparada do dólar. Quando isso se inverte, os preços internos em reais acompanham o câmbio”, pontua.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deve divulgar nesta terça-feira, 26, mais um relatório sobre o plantio de milho no país. “E não há sinais de problemas para o Meio-Oeste americano em junho e começo de julho. Então precisamos de sinais de demanda [pelos grãos dos EUA] se recuperando para que tenhamos preços internacionais melhores”, diz.
O analista afirma que o produtor deve ficar atento às exportações, já que o país precisa escoar 30 milhões de toneladas e ainda não negociou tudo isso. “Os preços no segundo semestre vão depender de qual volume o Brasil exportará”, finaliza.