A safra 2019/2020 de soja ainda não começou, mas muitos produtores já tentam encontrar maneiras de equilibrar os altos custos de produção, com os baixos preços recebidos pelo grão. Uma saída conveniente pode ser a troca de cultivares e, neste sentido, a Embrapa tem apresentado aos produtores algumas soluções interessantes.
O produtor Fábio Barbante de Barros semeou na última safra quase 90% das áreas que possui no Paraná e Mato Grosso do Sul com cultivares BRS 388 RR. Essa variedade é precoce e apresenta bom desempenho em diferentes épocas de semeadura e ambientes de produção.
Para Barros, a opção pela variedade se deu pelo bom enraizamento a rusticidade, a tolerância à seca e a baixa debulha durante a colheita. Para o produtor, o custo-benefício é válido, uma vez que, a cultivar tem boa produtividade e ainda não é preciso pagar royalties pela tecnologia que já está em domínio público.
“A arquitetura da planta em formato piramidal facilita que o pulverizador atinja toda a planta”, comenta. “Além disso essa variedade não apresentou problema de grãos ardidos, que já enfrentei com outros materiais.”
Na fazenda em Sertaneja, no Paraná, Barros diz que a produtividade foi excelente, com 66 sacas por hectare”, revela.
Outra variedade resistente a seca
Variedades resistentes a seca têm naturalmente chamado a atenção dos sojicultores, ainda mais depois dos problemas vividos na safra 2018/2019, encerrada recentemente. O produtor paranaense do município de Alvorada do Sul, Rodrigo Tramontina, plantou quase 5 hectares com a variedade BRS 511, gostou tanto do que viu que ampliará o uso para 50 hectares nesta nmova temporada.
“Tivemos um ano muito seco com mais de 40 dias de estiagem e temperaturas acima dos 38°C e, mesmo assim, a cultivar se destacou. Por isso, estou satisfeito com seu desempenho que me rendeu 57,5 sacas por hectare na média”, diz. “Se não fosse a seca, a cultivar teria estourado.”
Convencional e com prêmio
Outro destaque da cultivar BRS 511 foi o ciclo, que facilitou o planejamento da segunda safra de milho. Tramontina semeou a soja em 23 de outubro e em 22 de fevereiro já tinha colhido. “Assim, pude plantar o milho em uma época adequada, o que é bastante interessante”, conta.
Além disso, o produtor vê vantagens por ser uma cultivar convencional, o que garante bonificação no momento da venda. “Tive R$7,76 a mais por saca de soja convencional e os custos foram aproximados aos das cultivares transgênicas”, ressalta.
Mais de 80 sacas por hectare
Claro que além de plantas resistentes a seca, outro ponto importante é a produtividade e, neste quesito, duas variedades da Embrapa renderam mais de 80 sacas por hectare.
O produtor Cristofer Peruzi, também do Paraná, de Cambé, começou a plantar a BRS 1003 há 2 anos e o desempenho da cultivar superando o resultados de todas as outras.
“O desempenho da BRS 1003 foi excelente. Produzimos 81 sacas por hectare em um dos talhões e surpreendentes 196 sacos em outro. Foi a cultivar mais produtiva da fazenda”, afirma.
O produtor de sementes Pedro Noriyo Saito, do oeste do Paraná, presta consultoria para o produtor Adilson Stocker, que tem propriedade entre Cascavel e Corbélia (PR). Em uma área, a BRS 433RR, produziu 80 sacas por hectare, contra 75 sacas por hectare do material mais produtivo da região.
“Isso significa que ela superou a produtividade do padrão. Além disso, hoje o produtor tem poucas opções de material RR, que está livre de pagamento de royalties e pode reduzir os custos. Avalio a cultivar ainda como excelente opção para áreas de refúgio”, conta Saito.