Um estudo encomendado a pedido da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) junto a Agrosatélite comprovou que apesar do crescimento das áreas de produção de soja no Cerrado, a expansão sobre áreas desmatadas diminuiu. Ou seja, o avanço da cultura sobre este tipo de condição caiu dos 215 mil hectares anuais (de 2001 a 2006), caiu para 73 mil hectares (2014 a 2018).
Vale ressaltar que de toda a produção nacional atual, 51% da área de soja está no bioma Cerrado. Nos últimos 18 anos, a área de soja no Cerrado passou de 7,5 milhões de hectares em 2000/2001, para 18,2 milhões de hectares em 2018/2019. Neste mesmo período, segundo a entidade, a produtividade cresceu 30%.
Um terço desta expansão se concentrou no Matopiba (formado por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a área de soja aumentou de 0,9 milhão de hectares, para 4,1 milhões de hectares no mesmo período. Por outro lado, de 2016/2017 a 2018/2019, houve ligeira queda na taxa.
“Já havíamos constatado essa tendência de queda do desmatamento associado à soja no estudo anterior, divulgado em 2018 e ela se confirma agora. Temos a menor taxa de desmatamento associado à soja em 18 anos. A justificativa é o aumento da produtividade e a expansão dos plantios em áreas já antropizadas”, diz André Nassar, presidente da Abiove.
Segundo Bernardo Rudorff, diretor-executivo da Agrosatélite, responsável pelo estudo, tanto no Matopiba quanto nos outros estados do Cerrado (Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rondônia e pelo Distrito Federal), a rotação de culturas e o pousio exercem papel relevante na dinâmica da expansão da soja entre as safras.
A conversão de pastagens é mais relevante nos outros estados, contribuindo com 67,2% (1,23 milhões de hectares) da expansão de 2014 a 2018. Neste período, o desmatamento na região representou apenas 4,4% (80 mil hectares) da expansão líquida da área de soja.
O estudo inédito ainda mostra que o bioma Cerrado tem hoje 95,7 milhões de hectares (46,8%) da sua área antropizada, dos quais 26,1 milhões de hectares estão com pastagem em área de aptidão agrícola para soja. “A tendência é de até a safra 2028/29 a área cultivada com soja no Cerrado cresça em até 5 milhões de hectares, sendo que esse próximo ciclo de expansão pode acontecer em quase sua totalidade nas áreas de pastagens”, diz Bernardo Rudorff.