O preço da soja quase atingiu a pior sequência de quedas seguidas desde 2014. Apesar de ter aberto a segunda-feira, 3, em queda, se recuperou e evitou o recorde negativo. Mas o que esperar dos preços nesta semana? Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado. As dicas são do analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
- Enquanto aguarda por novidades envolvendo a demanda chinesa pela soja norte-americana, o mercado avalia a extensão da questão envolvendo o surto de coronavírus na China e em outros países. A evolução da colheita da nova safra brasileira completa o quadro de fatores;
. - O mercado teve uma semana passada bastante negativa diante do avanço do surto de coronavírus na China e em diversos outros países. No lado financeiro, o grande receio é que a expansão da doença no país asiático possa trazer impactos negativos no crescimento da segunda maior economia do mundo em 2020;
. - Ainda é cedo para se falar em um impacto direto na demanda chinesa por soja, considerando a inelasticidade da commodity. Apesar disso, é possível que haja alguns problemas no curto-prazo para o desembarque de navios nos portos chineses, o que pode alterar o fluxo de embarques também nas origens. O Brasil já tem mais de 4 milhões de toneladas registradas para serem enviadas ao país asiático em fevereiro;
.
- No lado fundamental, Chicago também sente o peso da falta de grandes compras chinesas de soja norte-americana. O mercado começa a trabalhar com a ideia de que a China só irá demandar grandes volumes de soja dos EUA a partir do segundo semestre, centralizando suas compras do primeiro semestre na soja brasileira. Sem um alívio nos altos estoques americanos, Chicago não irá conseguir engatar um movimento de alta contundente;
. - Completando o quadro negativo para as cotações, a tendência é de uma safra recorde no Brasil. Embora os trabalhos de colheita estejam atrasados, as produtividades registradas nos estados da faixa central do país vêm surpreendendo. Além disso, as últimas semanas foram de clima positivo para o Rio Grande do Sul, diminuindo parte dos problemas de umidade;
. - Após perder a importante linha de US$ 9,00 e fechar abaixo do suporte de US$ 8,80, Chicago pode dar continuidade ao movimento negativo até a linha de US$ 8,60. Apesar disso, as fortes perdas acumuladas abrem espaço para correções técnicas positivas, mesmo que pontuais.