Após uma quebra de safra na temporada 2018/2019, preços não tão remuneradores assim e agora custos elevados, vários produtores estão se perguntando se devem manter ou reduzir a área com soja. Diante desta dúvida, o Projeto Soja Brasil levou a pergunta aos produtores cadastrados que recebem as notícias via Whatsapp diariamente e também as Aprosojas estaduais. Confira abaixo a situação de alguns importantes estados produtores!
Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul foi o único entre os grandes produtores do grão a registrar forte incremento na produção de soja na safra passada. O otimismo com a colheita anterior aponta para um leve incremento de área em 2019/2020, diz a Aprosoja-RS, podendo chegar a quase 5,9 milhões de hectares.
“O milho é uma cultura de custo elevado e com muito risco climático. Com o trigo a situação é parecida, então o pessoal está apostando suas fichas em uma boa lavoura de soja. Eles devem começar a plantar mais cedo e fazer pausas entre os talhões, para a colheita ser parcelada também. Então acredito que a área de soja crescerá um pouco sobre estas outras culturas. No máximo uns 100 mil hectares, acredito. A lavoura de soja tem liquidez, linhas de financiamentos é melhor para o produtor”, explica o presidente da entidade Luis Fernando Fucks.
Entre os produtores a resposta média recebida é que irão plantar a mesma área que fizeram no ano passado. Entretanto muitos apontaram para uma redução na área, principalmente com arrendamentos, já que os custos estão muito elevados neste ano e a rentabilidade pode ficar apertada.
Esse é o caso do produtor Sandro Luiz Rafaeli, de Arroio Grande (RS), que não renovará o arrendamento de 45 hectares nesta safra. Agora ele plantará somente a sua área de 140 hectares.
“Há 7 anos eu plantava nessa área arrendada. Só que aí o valor foi aumentando com o passar do tempo, até ficar inviável e tive que devolver. A média geral da produção de soja aqui na região é em torno de 45 sacas. O custo de produção está na casa de 35 sacas. Então se for pagar mais R$ 10 a R$ 12 sacas por hectares no arrendamento o negócio não fica viável”, afirma o produtor.
São Paulo
O estado de São Paulo deve produzir soja em uma área muito parecida com a semeada na safra 2018/2019, ou seja, na casa dos 1 milhão de hectares. O estado foi um dos que registrou forte quebra na temporada anterior, por conta do clima.
Para a Aprosoja São Paulo, a área deve ficar praticamente igual a do ano anterior, uma vez que os produtores desanimaram um pouco após os prejuízos de 2018.
“O prejuízo causado pelo clima amargou a vida de vários produtores. Vale ressaltar que parte desta área é usada para renovação de canaviais e dificilmente esse 1 milhão de hectares ficará maior. O clima realmente desanimou os agricultores”, afirma o presidente da entidade, Gustavo Chavaglia.
Entre os produtores a resposta média também foi a de que plantarão uma área igual a do ano passado. Mas muitos que tem propriedade em áreas com cana-de-açúcar ressaltaram a vantagem da outra cultura.
“A área extra era arrendada e como a cana paga melhor, optamos por ela, não dá pra competir! Em nossa região tem muitas usinas, não tem como expandir muito a área de soja. Por isso vamos diminuir de 400 hectares para 260 nesta temporada”, ressalta Romilson D’Ávila, de Santa Cruz da Conceição.
Paraná
O Paraná foi um dos grandes estados produtores a registrar a pior quebra na última safra de soja. Os problemas climáticos geraram uma diminuição de quase 16% na produção. Isso não estimulou os produtores e a perspectiva é de uma área praticamente igual a do ano anterior, confirmou a Aprosoja-PR, ou seja na casa dos 5,4 milhões de hectares.
“Aqui, consultamos vários produtores associados em diversas regiões e a maioria disse que não irá diminuir e nem ampliar a área. Então, por enquanto, a perspectiva é de produtor a mesma área da safra 2018/2019”, conta o presidente da entidade, Márcio Bonesi.
Entre as respostas enviadas ao Canal Rural a grande maioria também disse que irá manter a área de soja como em 2018. Entre as razões estão o alto custo para se produzir milho e a rentabilidade melhor do grão, se comparado a outras culturas.
“Em São Miguel do Iguaçu ninguém planta milho na primeira safra, todos preferem a soja, até pelo clima em dezembro que complica para o milho. Antes até se plantava trigo na segunda e abria espaço para o milho na primeira, mas hoje é soja na primeira safra e milho na segunda”, diz o produtor Anderson Pasquali, que produz em uma área com o irmão Daniel, de 480 hectares.
Mato Grosso
Mato Grosso também teve problemas na safra passada, mas muito menor que os paranaenses. A perspectiva é de que a área de 9,7 milhões de hectares seja mantida nesta temporada. Para a Aprosoja-MT
“Nossa percepção é a mesma dos produtores, de que o estado dificilmente ampliará a área neste ano, até pela pouca perspectiva de elevação da rentabilidade, com preços baixos e custos em alta”, afirma Antônio Galvan, presidente da entidade.
Quase todas as respostas vindas dos produtores disseram que a área com soja não deve crescer nesta temporada 2019/2020. Na fazenda do ex-presidente da Aprosoja-MT Marcos da Rosa, em Canarana, a perspectiva é plantar exatamente a mesma área.
Neste ano está tudo muito complicado. O custo está bem mais elevado e os preços bem abaixo do ideal. Não conseguimos antecipar venda nenhuma ainda, os preços não estão viáveis pra isso”, diz ele.
Goiás
Os pouco mais de 3,4 milhões de hectares em Goiás pode ter um leve incremento nesta próxima temporada, afirma o presidente da Aprosoja-GO, Antonio Barzotto. Na safra passada, 2018/2019, o estado também acabou registrando uma queda de 3% na produção devido ao clima, mas os produtores estão apostando em um 2019/2020 melhor.
“Goiás ainda tem muita fronteira agrícola no norte do estado e por isso há esta perspectiva de a área possa crescer de 1% a 2%, se tiver crescimento, claro. Mas será um ano de magens extremamente apertadas”, diz Barzotto.
Entre os produtores a expectativa é plantas a mesma área, apesar de alguns se mostraram mais confiantes em ampliar a área. Na propriedade de Marcos Falbo, em Catalão, a área de 1,2 mil hectares não deve crescer, não. “Os custos estão muito elevados e por isso vamos plantar a mesma área do ano passado, não dá para arriscar”, diz Falbo.
Brasil
De maneira geral a Aprosoja Brasil também acredita que a área de soja do Brasil, para a safra 2019/2020, deve ficar praticamente igual a da temporada anterior. Segundo o presidente da entidade, Bartolomeu Braz, os altos custos para implantação das lavouras é uma das principais razões para isso.
“Os altos custos, aliados aos problemas logísticos e o tabelamento do frete traz muita insegurança para a sojicultura brasileira, até por isso os produtores não querem arriscar muito”, diz Braz.
Da safra 2017/2018, para a safra 2018/2019 a área brasileira com o grão cresceu apenas 2%, chegando a 35,8 milhões de hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O Projeto Soja Brasil recebeu respostas de todo o país, alguns dizendo que irão aumentar bastante a área e outros que irão diminuir ou manter, veja abaixo mais alguns relatos.