As variações do clima comprometeram a safra de soja 2019/2020, em Jataí, Goiás. Os produtores já perderam em média mais de 10 sacas por hectare por conta da estiagem prolongada e queda de granizo durante o desenvolvimento das lavouras. Neste momento, a preocupação é com as chuvas, que podem atrapalhar a colheita do grão.
Na fazenda de Diogo Vinícius Sandri, os problemas começaram com uma chuva inesperada de granizo. Cerca de 400 hectares de soja foram destruídos após o episódio destruídos. O prejuízo ficou em pelo menos R$ 1 mil por hectare, incluindo o replantio.
“Aniquilou com tudo. Tivemos que replantar toda essa área de novo. Fora a compra de mais herbicidas, sementes, adubação, tudo mais caro agora. Toda essa parte inicial do estabelecimento da cultura teve que fazer de novo, com um gasto alto”, afirma Sandri.
Não bastasse esse prejuízo e refeito todo o trabalho, a fazenda teve mais um problema: um longo período de estiagem em dezembro, que castigou toda a área de soja da fazenda. Agora os 4,8 mil hectares ficaram sem água na fase mais importante do ciclo, comprometendo o cronograma da safra.
“Em relação as chuvas para o plantio, foi o ano mais atrasado da história. A soja que estava em fase de florescimento ou começando a encher os grãos tiveram um retardo. Tem áreas que estão boas, outras que tiveram mais problema. Esperamos agora uma produção de 60 ou 62 sacos por hectare”, conta.
Outro produtor que sentiu os reflexos da falta de chuva no início da safra foi o Volmir Antônio Maggioni. A estiagem castigou os 500 hectares semeados na primeira quinzena de outubro com variedades precoces e a produtividade ficou abaixo do esperado.
“Nossa lavoura acabou. Aqui tivemos no máximo 30 milímetros, foi a melhor chuva. A expectativa que era colher 65 sacos dessa soja precoce, agora está rendendo no máximo 54 sacas com esse veranico”, diz.
O prejuízo deixou o agricultor apreensivo em relação ao restante da lavoura. Os 5,6 mil hectares cultivados com variedades de ciclo mais tardio ainda estão no período de enchimento de grãos. Segundo Maggioni, na safra passada também faltou chuva e a produtividade média ficou em torno de 63 sacas por hectare.
“Essa soja precisa de chuva, que estão muito localizadas. Em um lugar chove muito e em outros não chove nada. Até agora não teve uma chuva para falar que foi boa, para falar que choveu para todos os produtores de forma geral, estão bem localizadas”, conta.
Por enquanto, o ritmo da colheita em Jataí ainda é tímido. Ocorre apenas nas áreas mais precoces. Segundo o presidente do Sindicato Rural do município, Vitor Geraldo Gaiado, a maior parte dos 320 mil hectares cultivados nesta safra ainda estão na fase de enchimento de grãos e maturação. A colheita está prevista para o início de fevereiro. A expectativa é que a produtividade média fique entre 56 e 60 sacas por hectare.
A preocupação, no entanto, é com o tempo e Gaiado teme que a chuva até agora escassa, venha de forma torrencial na colheita.
“Nós da agricultura vivemos em uma atividade de altíssimo risco. Já vi casos da soja estar pronta para colher e dar uma chuva de granizo e colocar tudo a perder, A previsão daqui para frente é de chuva normal ou até acima da média, gerando essa preocupação na colheita. Como foi tudo plantado aceleradamente, a colheita virá tudo junto e isso é muito perigoso. Se realmente cair esse volume de chuva que está previsto para fevereiro, pode prejudicar a qualidade de grão”, diz Gaiado.