Para diminuir os custos com defensivos agrícolas nesta safra de soja, o produtor Ricardo dos Santos Bartholo, de Patrocínio (MG), decidiu aplicar defensivos biológicos pela primeira vez. Além da economia, a atitude pode servir de exemplo para outros agricultores da região. Além disso, ele também aposta em pó de rocha para substituir os adubos químicos.
“Espero conseguir reduzir mais ou menos uns 30% meu custo por hectare com aplicação de defensivos biológicos no lugar dos agroquímicos e de pó de rocha no lugar dos adubos convencionais. É um novo sistema de produção que está começando. Talvez eu seja um pioneiro aqui na minha região”, comenta Bartholo.
A multiplicação dos fungos e bactérias acontece na própria fazenda, em um galpão que abriga 28 contêineres com capacidade de mil litros. O barulho é constante e vem de um compressor de ar que fica ligado o tempo todo, jogando oxigênio dentro dos contêineres, que é necessário para reprodução e multiplicação dos biológicos. Depois, os microrganismos ficam estocados, sem receber oxigênio, por um período que varia de 3 a 5 dias.
A matéria-prima vem do cozimento de arroz, mas ele não pode comercializar o produto. “A gente coleta vários fungos e bactérias do ambiente através do arroz, que é a isca. Por ser da região, eles são adequados para nossa lavoura”, diz Bartholo.
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Segundo Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa, os biológicos funcionam muito bem porque são os inimigos naturais das pragas. “Eles controlam também as doenças através da alimentação dessas pragas”, diz.
O interesse pelos biológicos aumentou na região por dois motivos: economia e produção sustentável. Mas, antes de começar o manejo de bactérias e fungos, o produtor deve primeiro procurar um profissional capacitado.
“Existe um risco muito grande de, ao se multiplicar as bactérias na fazenda, contaminar o solo. Deve-se procurar algum especialista e saber os meios certos para se fazer isso. Já existem algumas fazendas especializadas nessa multiplicação e os interessados em fazer isso devem estudar os casos e entender um pouco melhor como se faz”, conta o diretor do Sindicato Rural de Patrocínio, Frederico de Queiroz Elias.