Quase 200 países reunidos com um único objetivo: fazer acordos para reduzir os impactos das mudanças climáticas no planeta. Para mostrar de perto esses esforços, o programa Agronomia Sustentável foi até o Egito acompanhar a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-27).
Neste cenário, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), estipulados pela Organização das Nações Unidas (ONU) é diretamente relacionado ao papel das engenharias. O ODS de número 2, por exemplo, prega a agricultura sustentável e a erradicação da pobreza. O Brasil, cuja produção agropecuária alimenta cerca de um bilhão de pessoas no mundo, tem papel fundamental nesta missão.
Durante a COP-27, o país apresentou o programa de bioinsumos, lançado em 2020 para ampliar e fortalecer a utilização de produtos nacionais. De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador da iniciativa no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Cruvinel, são oito projetos estaduais em andamento. “Cada estado desenvolve políticas públicas dentro de seu território e, assim, consegue mais recursos. O programa fortalece também o financiamento”, declara. Nesse aspecto, o profisisonal afirma que foram investidos R$ 72 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação em 2021.
“Também lançamos dois cursos em EAD de capacitação para bioinsumos e mais três já estão prontos e devem ser lançados no ano que vem”, afirma Cruvinel. Segundo o Mapa, mais de 560 produtos biológicos já foram registrados no país, sendo mais da metade nos últimos três anos, demonstrando forte tendência de aumento de uso nas lavouras. Desta forma, com um crescimento anual de 50%, o Brasil pode se tornar o maior mercado de bioinsumos do mundo.
Selos do agro
No ano que vem, o objetivo é lançar uma ação que demonstre ao mundo o potencial verde da produção agropecuária nacional, o selo Brasil Mais Verde. “Vamos colocar todas as certificações sustentáveis do Brasil em um mesmo lugar, comunicando para o mundo a sustentabilidade da agricultura e da pecuária brasileira. Esse é o objetivo da plataforma de sustentabilidade brasileira que se chamará ‘selos do agro'”, informa o engenheiro.
O plano ABC+ foi outra iniciativa demonstrada durante a COP-27 com o objetivo de que o produtor rural utilize mais ferramentas sustentáveis. “É um plano que nos ajuda a produzir mais com menos. A gente aumenta a produtividade, com isso o produtor aumenta a sua renda, ao mesmo tempo adotamos tecnologias que são mais ambientalmente sustentáveis, preservando a biodiversidade do solo, os mananciais de água e ainda contribui para a segurança alimentar”, conta o secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Fernando Zelner.
Já o professor de Agronegócio do Insper, Marcos Jank, ressalta que, antigamente, a agronomia era voltada ao aumento de produtividade, algo que precisa continuar por estar ligada à rentabilidade, mas que também precisa estar focada em aumentar a sustentabilidade nos sistemas agropecuários.
Transição energética: solução às mudanças climáticas
No processo de descarbonização para conter o aquecimento global, a transição energética é fundamental. E o Brasil sai na frente nesse contexto. Segundo a Enerdata, o país é o segundo que mais gera energia limpa no mundo, ficando atrás apenas da Noruega. Veja detalhes no quadro abaixo:
Em 2015 foi lançado o convênio global com certificado de energias renováveis internacional. “Nós certificamos os produtores de energia, passamos por um processo para saber se era limpa, renovável, se não tem trabalho escravo, todo um processo foi feito para certificar os parques geradores. A partir daí, esses parques estão aptos a emitir o selo de energia renovável. As empresas que consomem muita energia, a agricultura, a indústria de alimentos, compram a energia renovável desses parques certificados e utilizam esse selo nos seus produtos”, explica a chefe executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.
A energia eólica é uma aliada da redução de impactos ambientais na agricultura e do enfrentamento às mudanças climáticas globais. É a segunda fonte mais utilizada no Brasil e a que mais cresceu nos últimos dez anos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, 48% das fontes energéticas do país são renováveis, volume três vezes maior do que a média mundial.
Acompanhe o programa na íntegra no vídeo acima. O Agronomia Sustentável é uma realização do Conselho Federal e Regional de Engenharia e Agronomia (Confea e Crea), Mútua e Canal Rural. Os episódios vão ao ar na TV aos sábados, às 9h, com reprise no domingo, às 7h30 (horários de Brasília), mas também podem ser conferidos na página do site.