A agricultura de precisão vem revolucionando a produção de alimentos no mundo por meio de um conjunto de tecnologias que vão desde inteligência artificial até georreferenciamento. Tudo isso deixa o processo de cultivo mais eficaz ou, como o próprio nome já diz, mais preciso. Isso é feito por meio de máquinas com alta tecnologia embarcada.
O oitavo episódio da terceira temporada da série Agronomia Sustentável foi até o município de Pompéia, no interior de São Paulo, para mostrar profissionais e estudantes de engenharia mecânica empenhados em operacionalizar equipamentos e absorver cada vez mais conhecimento na área.
“A agricultura de precisão começou de verdade quando trouxemos os primeiros GPS para entender a realidade do campo, principalmente para se encontrar primeiro. Depois, em uma segunda onda, começou com sensores para saber o que o solo tinha para entregar para a planta, para o agricultor”, explica o engenheiro mecânico Denis Sakuma.
Apesar de todos os avanços tecnológicos dos últimos anos, estudos mostram que a agricultura de precisão ainda tem muito a evoluir, especialmente no que diz respeito à análise do solo. Exemplo disso são as plantadeiras inteligentes, que podem contar com sistema de espectroscopia, que nada mais é do que incluir luzes nos discos de plantio para que reflitam no terreno, levando informações para o computador a bordo e mostrando os locais em que vale ou não a pena semear.
“Acho que a agricultura de hoje ainda tem muito serviço que depende do homem e tem muito campo para melhorar, tem muita tecnologia que está por vir e que já está praticamente pronta, mas ainda precisamos de gente para aplicar essas tecnologias, então acho que ainda vamos melhorar muito”, considera Sakuma. Para ele, não há dúvidas de que o engenheiro mecânico será parte essencial deste processo de modernização.
Curso único no Brasil
Em Pompeia fica a Fatec Shunji Nishimura, única instituição a oferecer o curso de mecanização em agricultura de precisão no Brasil. Para ajudar os alunos a entenderem as inovações que estão chegando, a faculdade oferece dinâmicas em simuladores. Assim, os estudantes aprendem como funcionam todas as tecnologias antes de encarar o trator no campo.
Segundo a faculdade, o nível de empregabilidade dos alunos que se formam no curso é de 94%, o que mostra também a pujança do setor. “Este conceito vem muito a calhar tanto pela parte sustentável ambientalmente quanto para a gestão de custos porque racionalizamos o uso dos insumos que temos para produzir sempre cada vez mais e com qualidade”, diz o professor José Vitor Salvi, engenheiro agrônomo que foi aluno da faculdade desde o primeiro ano do curso, em 2012.
Abrangência da profissão
E quem disse que engenharia mecânica é uma área restrita aos homens? A Daiane Lalier atua como engenheira de manufatura em Indaiatuba, interior de São Paulo, e cuida da parte de processos de uma multinacional, a John Deere, liderando uma equipe predominantemente masculina. Antes de um modelo começar a ser fabricado no Brasil, a profissional é a responsável pelo planejamento de produção e de equipe, um trabalho que precisa envolver segurança, produtividade e também sustentabilidade.
Do interior para a capital paulista, o engenheiro mecânico Marcelo Leal Alves passou a dar aula na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo após trabalhar por anos em grandes projetos de guindastes. “O engenheiro mecânico é o profissional que usa a força e o calor para transformar produtos da natureza em bens que serão consumidos. Vai muito além da montadora de automóveis, porque praticamente qualquer produto de consumo teve a interferência de uma máquina, e se teve interferência de uma máquina, houve um engenheiro mecânico trabalhando no projeto, na manutenção ou na fabricação dessa máquina”, conta.
Tal trabalho tem influência na dinâmica de toda uma cidade. “A parte de influenciar a vida das pessoas é muito interessante porque vemos todo mundo usando transporte, seja, carro, caminhão, além dos produtos sendo consumidos, tudo funcionando e isso dá a certeza que a profissão de engenheiro mecânico é muito importante porque, enquanto a humanidade precisar de força e calor, vai ter trabalho para o engenheiro mecânico”, afirma Alves.
Em 2021, o segmento de máquinas agrícolas no Brasil faturou R$ 81,7 bilhões , gerando 113.892 empregos diretos e exportado 1,315 bilhão.
A engenharia mecânica é uma das profissões sob o guarda-chuva do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) que, juntamente com a Mútua e o Canal Rural, dividem a realização do programa Agronomia Sustentável. A série vai ao todos os sábados, às 9h (horário de Brasília), com reprises aos domingos, às 7h30. O próximo episódio vai abordar o papel dos engenheiros agrônomos na educação.