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Agronomia Sustentável

Engenharia solidária que muda realidades é o cerne do Agronomia Sustentável

Ações sociais desenvolvidas por profissionais através dos Creas impactam positivamente a vida de pessoas do campo e da cidade

A doação do tempo e do conhecimento de profissionais da engenharia que faz diferença na vida de muita gente. As ações solidárias do setor são o foco do 12º episódio da terceira temporada do Agronomia Sustentável, que viajou para três estados para conhecer de perto iniciativas de cunho social.

Na primeira parada, em uma pequena propriedade de cinco hectares em Manaus, o produtor rural Natan Silveira cultiva pitaya, fruta exótica que nasce de cactos. “Nossa venda é 80% para Manaus e 20% fica em uma feira local, onde colocamos com preço acessível para a comunidade”, conta. Segundo ele, do embrião da planta até a maturação, o tempo de espera é de 50 dias até que a fruta possa ser colhida. A cultura já começa a produzir a partir do primeiro ano e cada pé gera de 15 a 20 frutos.

Para alcançar tamanho nível de produtividade, o agricultor conta com a assistência técnica de um grupo de trabalho formado por engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM). “Quando os engenheiros estão conosco, eles ‘caem como uma luva’. Ele vem, já identifica aquela mal [da cultura], e eu tiro, queimo e corto o mal pela raiz. É uma ajuda muito importante porque, sem eles, você não sabe de nada e vai dar ‘murro em ponta de faca'”, considera.

pé de pitaya
Fotos: Reprodução Canal Rural

Graças a essa assistência técnica, os produtores da região conseguem diversificar cultivos. Na propriedade de Silveira, além da pitaya, ele também produz açaí, limão, flores, plantas ornamentais, mel e outras frutas. “Tem que diversificar porque hoje a pitaya está com um preço ótimo, mas amanhã ela pode cair, então o maracujá segura, se o maracujá cair de preço também, o limão vai segurar, se o limão cair de preço, pulo para a graviola, então é possível agregar valores com certas produções diferenciadas”, detalha.

De acordo com o engenheiro agrônomo Audinei Lima Leite, é gratificante trabalhar com um produtor que tem diversificação de produtos porque faz despertar o conhecimento técnico do profissional. “Agregamos valor em uma cultura em que o produtor rural não tenha muito conhecimento e a gente consegue fazer com que ele produza mais. Isso é muito gratificante para nós enquanto engenheiros e como pessoas”.

Impactos à toda sociedade

O grupo de trabalho do qual Leite faz parte atua apenas na região metropolitana de Manaus, mas a ideia é expandi-lo para todo o estado. “Temos muitos colegas que estão aderindo a este grupo de trabalho porque eles ganham experiência e também contribuem para a sociedade e com os agricultores do estado”, destaca.

A iniciativa atende, atualmente, 27 produtores da região e também auxilia outros no preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e na emissão de receituários agronômicos. O projeto faz parte do programa Engenharia Comunitária, do Crea-AM. “Esse grupo de trabalho específico da engenharia pública e comunitária está espalhado pela cidade de Manaus, indo para a periferia e zona rural, ajudando de todas as formas, como na coleta de lixo e [em atividades de] engenharia de pesca, civil, de alimentos. Estamos trabalhando com todas essas áreas comunitariamente e também nos bairros periféricos que mais precisam de auxílio de um engenheiro”, salienta o presidente do Conselho, Afonso Lins.

Segundo ele, o impacto das assistências técnicas no campo e na cidade chega a toda sociedade manauara. “Há melhorias dos produtos, da colheita […]. Vemos isso quando vamos em uma feira que existe em função daquela produção que teve a ajuda de um engenheiro agrônomo ou de pesca. A qualidade do produto se vê na feição daquelas pessoas que têm acesso a um produto de mais qualidade”, completa Lins.

Outro importante programa em Manaus é o AgroAmazonas que, entre as suas ações, doa alimentos provenientes de feiras para as escolas do estado. “Passamos entre os feirantes e fazemos uma conscientização. Recebemos materiais que não têm mais valor comercial, mas que ainda têm todos os seus valores nutricionais preservados […]”, diz o professor Carlos da Silva. A iniciativa já atendeu mais de 60 mil pessoas, com arrecadação de mais de 120 mil toneladas de produtos.

Ações voluntárias no Sudeste

Em Espírito Santo, a assistência técnica dos engenheiros do Crea-ES procura auxiliar os produtores em diversas áreas. “[Os profissionais] saem em busca dos problemas sociais para resolvê-los, dando assistência ao homem do campo quando é um problema [por exemplo] de barragem, de demolição, ou de má aplicação de agrotóxicos, intoxicação alimentar, então a gente entra orientando essas pessoas. Orientamos muito em relação a barragens que estão prestes a se romper, que precisam de uma assistência técnica, um novo planejamento, um reforço, uma reforma”, exemplifica o presidente do Crea-ES, Jorge Silva.

De acordo com ele, os profissionais de todas as engenharias vão ao campo e às cidades para prestar auxílio. “Tivemos um caso recente de um colapso em um prédio aqui do interior [do estado]. Nós automaticamente fomos verificar e vimos que a culpa era das construtoras. As pessoas [habitantes do prédio] estavam no seguro, faltando cinco dias para vencer [a apólice] e cobramos da Caixa Econômica, que refez toda a edificação”, conta.

Sustentabilidade no Centro-Oeste

Já no Centro-Oeste, o Crea de Goiás trabalha com um projeto chamado Cidades Verdes. “Esse programa parte da premissa de que a arborização urbana assistida é muito importante para a qualidade de vida da sociedade, dos habitantes de pequenos municípios. Assim, o Crea-GO faz uma parceria com as prefeituras através de um acordo de cooperação e ajudamos as secretarias de meio ambiente dos municípios, quando elas existem, e quando não existem ajudamos a criar essas secretarias e, junto com elas, desenvolver uma agenda ambiental urbana”, conta a engenheira ambiental Marcella Castro.

Nesta ação, os geólogos mantém um importante papel, analisando os terrenos que precisam ser recuperados e as áreas degradadas nas cidades goianas. “Quando o Crea faz um acordo de cooperação com um município que vai implantar o programa Cidades Verdes, uma das contrapartidas é a contratação de um gestor da área das engenharias envolvidas, seja um agrônomo, um engenheiro florestal e até mesmo um engenheiro civil que tenha essa expertise socioambiental e que isso envolva a sociedade e as outras engenharias no desenvolvimento da agenda ambiental urbana”, salienta.

Rede voluntária

Outro projeto social com ainda mais capilaridade é o Engenheiros Sem Fronteira Brasil, que faz parte da maior rede voluntária da engenharia do mundo e está presente em mais de 60 países e, no Brasil, foi criado em 2010. Trata-se de uma ONG que conta com estudantes e profissionais da área. O grupo está espalhado em mais de 70 cidades do país e presta consultoria nas áreas de educação, empreendedorismo e sustentabilidade.

A engenheira civil e de Segurança do Trabalho, Carolina dos Santos Kuhn, enfatiza que o projeto é voltado às crianças e também à toda comunidade. “Com isso, desenvolvemos consciências e fazemos com que os hábitos de consumo e manejo de toda a vida útil dos produtos que consumimos seja da forma mais sustentável possível. Além disso, também desenvolvemos vídeos de divulgação dos nossos demais projetos e de divulgação de nossa organização para que possamos atingir ainda mais instituições que precisam de nossa ajuda e também angariar mais parceiros para a execução dos projetos”.

O próximo episódio da série Agronomia Sustentável vai mostrar o trabalho de engenheiros envolvidos na mineração. O programa é uma realização do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Mútua e Canal Rural e vai ao todos os sábados, às 9h (horário de Brasília), com reprises aos domingos, às 7h30.

 

 

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