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Agronomia Sustentável

Manejo florestal e integração lavoura-pecuária são os focos do Agronomia Sustentável

Setor de base florestal planta um milhão de árvores produtivas por dia e destina 9,5 milhões de hectares para cultivos industriais, além de outros 6 milhões de hectares para conservação

O Brasil possui 850 milhões de hectares de extensão. Deste território, cerca de 500 milhões estão cobertos por florestas, ou seja, quase 60% do total. Para preservar com manejo e produção sustentável a enormidade deste espaço, o país conta com 64 instituições de ensino superior que oferecem 76 cursos de bacharelado em engenharia florestal.

Entre outras atividades, este profissional é o responsável pela integração lavoura-pecuária-floresta, uma modalidade de produção que vem ganhando espaço no país. Até 2021, o sistema atingia 17,4 milhões de hectares, segundo a Rede ILPF.

“O componente agrícola e o florestal, além de terem trocas mútuas, se beneficiando em termos agronômicos, fisiológicos e em questão de qualidade do solo, têm, também, a sazonalidade da produção. Então é possível ter produção o ano todo, como no caso dos sistemas agroflorestais”, diz a engenheira florestal Fabiana Ananias. Ela coordena um projeto em Mato Grosso do Sul que visa promover a agricultura de baixo carbono e a adoção de práticas sustentáveis na produção agropecuária.

Um das premissas da iniciativa é a compreensão da importância das árvores nesses espaços. “As árvores são reconhecidas como grandes sequestradoras de carbono. Inseri-las neste processo produtivo tem a função de contribuir com a mitigação de gases do efeito estufa. Neste sentido, todos saem ganhando, como o produtor, que tem benefícios na quebra de ciclo de pragas e na ciclagem de nutrientes”, explica a engenheira.

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Foto: Paula Moreira/Embrapa

Desta forma, aproveitar a área que já existe sem degradar e manter a área produtiva é um dos resultados obtidos com a recuperação de pastagens que, quando bem manejada, também tem alto potencial de sequestrar carbono na atmosfera. “Essa prática é importante para a manutenção da água, da vida, da chuva, da biodiversidade e dos alimentos”, diz Fabiana.

Habilitação de profissionais

Para garantir que atividades fundamentais como esta estejam sendo conduzidas por engenheiros, agrônomos e profissionais das geociências habilitados, foram criados os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia. “Essa é uma preocupação do Crea desde o registro desse profissional. Claro que quando é feito o registro, temos todo o critério de analisar a grade curricular dele porque estamos entregando para a sociedade um profissional que vai desenvolver atividades para ela e somos nós os responsáveis por isso”, destaca a presidente do Crea-MS, Vânia Abreu de Mello.

Segundo ela, as peculiaridades de Mato Grosso do Sul exigem profissionais habilitados em cada região, já que as diferentes áreas do estado são reconhecidas por focos em atividades distintas. “Temos atividades para todos profissionais. A região de Corumbá, por exemplo, é forte na mineração, já a região leste tem a silvicultura, com a parte das lavouras e pecuária muito fortes. Cada atividade que se intensifica traz novos profissionais. Então a atividade da engenharia, agronomia e geociências estão com um mercado muito amplo em Mato Grosso do Sul”, considera.

O município de Bonito, um dos pontos turísticos do estado, o engenheiro florestal Raphael Cardoso incentiva produtores a se engajarem na missão de garantir a conservação do local, com meta de transformá-lo em referência ecológica não apenas nas áreas turísticas, mas também na preservação do solo.

Este trabalho é feito em parceria com o Sindicato Rural do município. “Conservar o solo é aplicar técnicas como curvas de nível, que são os terraços, caixas de retenção, plantio direto na palhada, plantio de alta precisão, ou seja, usando menos defensivos e, fazendo isso, que são técnicas amplamente divulgadas pelo Senar e pelos Sindicatos Rurais, você consegue preservar e produzir mais. Tem coisa melhor do que isso?”, indaga o  produtor rural de Bonito, Bruno Leite.

Produção florestal brasileira

Atualmente, 86% do valor bruto da produção florestal brasileira vem da silvicultura, ciência que estuda o manejo florestal e utiliza técnicas de preservação, produção e extrativismo controlado. E a importância da atividade rompe fronteiras, afinal, diversas matérias-primas extraídas das florestas estão presentes na rotina das pessoas, como a celulose, que dá origem ao papel, bem como a madeira que forma os móveis de uma casa ou escritório e o carvão vegetal e a lenha, que geram energia elétrica.

Foto: Canal Rural

O engenheiro florestal Moacir Reis trabalha na empresa da família, ligada à produção de carvão vegetal para a siderurgia. Assim, em 2005, a companhia resolveu investir também no manejo e plantio de florestas e iniciou o sistema silvipastoril em uma área de mil hectares. O modelo contou com pesquisa e suporte da Embrapa dentro do Projeto Carne Carbono Neutro. “Em nosso termo de cooperação com a Embrapa, temos uma URT, que é uma Unidade de Referência Tecnológica, em que anualmente fazemos um dia de campo para mostrar a importância da integração lavoura-pecuária-floresta. Na mesma unidade de manejo, temos três culturas, com praticamente três fontes de renda e, assim, saímos do risco”, afirma Reis.

O último levantamento da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) mostra que o valor bruto da produção do setor de árvores cultivadas no  país cresceu 17% em 2020 em comparação ao ano anterior. A entidade também aponta investimentos na ordem de R$ 35,5 bilhões no setor em projetos que visam a ampliação de plantio, o aumento de fábricas e novas unidades até 2023.

A produção de florestas de eucaliptos está em expansão em Mato Grosso do Sul. O clima da região ajuda muito no crescimento da espécie. Enquanto na Europa um pé da árvore demora até 50 anos para crescer, no Brasil esse tempo cai para apenas seis.

O engenheiro agrônomo Benedito Lázaro afirma que Mato Grosso do Sul tem excelente topografia e não foi tirado um único hectare de árvore nativa para o plantio de eucalipto. “Tudo foi feito em cima de áreas degradadas, ou seja, elas foram trazidas para o sistema produtivo. […] a geração de celulose é, hoje, a segunda ou a terceira na pauta de exportação, o que é super importante, bastando olhar para as outras cadeias que foram desenvolvidas por causa do setor de celulose”, afirma.

O profissional é também diretor da Associação Sul-matogrossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore), grupo que atua em frentes de trabalho focadas em manejo, plantio de florestas, preservação do meio ambiente, prevenção e combate a incêndios e também em fitossanidade. No Brasil, a indústria de base florestal vem ganhando cada vez mais força. O setor planta um milhão de árvores produtivas por dia e destina 9,5 milhões de hectares para cultivos industriais, além de outros 6 milhões de hectares para conservação. Juntas, essas áreas têm potencial de estoque de 4,5 milhões de toneladas de CO2.

O programa Agronomia Sustentável é uma realização do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Mútua e Canal Rural e vai ao todos os sábados, às 9h (horário de Brasília), com reprises aos domingos, às 7h30. O próximo episódio vai abordar o papel dos engenheiros na mecânica de máquinas e implementos agrícolas.

 

 

 

 

 

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