A JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, informou em painel realizado na COP28, que já investiu globalmente mais de R$ 220 milhões em projetos de captura de biogás nas suas operações para geração de energia em 14 fábricas nos Estados Unidos e Canadá, além de nove unidades da Friboi no Brasil. A declaração foi feita por Sheila Guebara, líder de Ações Climáticas da JBS, durante o painel “Transição Energética para Descarbonização: Soluções e Inovações”. Realizado no Pavilhão Brasileiro da conferência, o painel debateu a mudança dos combustíveis fósseis para fontes de energia renováveis como forma de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa e as potencialidades do Brasil assumir um papel de predominância global no mercado de descarbonização.
No Brasil, a implementação da captura de metano nas instalações da Friboi por meio do sistema de tratamento de efluentes, tem possibilitado a retirada de mais de 80 mil metros cúbicos de biogás por dia. “É um processo de ganha-ganha. Ganho de otimização, melhoria de processos e ganhos operacionais do uso da energia na redução da emissão. Isso representa 65% do escopo 1 da Friboi e 26% do escopo 1 da companhia no Brasil como um todo”, afirmou Sheila.
Com um investimento de R$ 54 milhões, a iniciativa tem potencial para reduzir em 65% as emissões de escopo 1 da empresa. Em 2023, a JBS implementou um projeto em que 10 lojas da Swift no Brasil passaram a ser abastecidas com eletricidade produzida por geradores a biogás, uma energia limpa e renovável, produzida por meio de biodigestores que capturam e processam o metano em unidades produtivas da empresa.
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De acordo com a executiva, há caminhos para continuar evoluindo. “Não está tudo feito. Quando a gente olha a cadeia da suinocultura, por exemplo, temos um potencial de tratamento de uso dos dejetos suínos na transformação de biogás, mas temos uma falta de encontros entre a demanda e a geração. A geração está numa área que a demanda não está. Então são fundamentais parcerias como a gente tem feito com a Fiesc, para ajudar a juntar essas pontas e enxergar resíduos como matéria prima para geração de energia renovável e economia circular”, destacou.
Globalmente, a JBS já investiu mais de R$ 220 milhões em projetos de captura de metano nas suas operações. Os projetos dessa natureza nas fábricas dos Estados Unidos e do Canadá, produzem 190 mil m³/d de biogás. Essa energia limpa abastece caldeiras e é utilizada na produção de eletricidade nas unidades, além de ser vendida para empresas de gás. Esses projetos reduziram a demanda externa por gás natural, um combustível fóssil, em 20%, e fez com que a empresa deixasse de emitir 650 mil t/ano de gases de efeito estufa. A companhia pretende expandir os projetos de produção de biogás nos dois países.
Na Austrália, a JBS está investindo em projetos de biogás em parceria com a empresa Energy360. O potencial é de eliminar a emissão de 60 mil toneladas de CO2 e economizar AUS$ 2 milhões por ano nas despesas com gás natural. A empresa tem, ainda, planos para novas iniciativas no México.
Mais sobre o painel
A importância das parcerias público-privadas foi foco da exposição de Marcelo Freire, ex-secretário adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente e hoje diretor da IVY Capital. “A política pública trouxe algum incentivo fiscal, mas não foi isso que mudou o jogo. Foi jogar luz sobre o assunto. Porque o governo e o setor público podem ajudar não somente injetando recursos, mas no sentido de apontar um norte. Porque o empresariado quer fazer, as empresas estão fazendo, então não atrapalhar e apontar os caminhos é muito importante”.
“As empresas estão engajadas na transição energética. Mas um recente estudo que fizemos sobre os caminhos do setor empresarial brasileiro nessas transformações apontou que 64% dos ouvidos demonstraram preocupações com a insegurança jurídica”, afirmou Ricardo Mastroti, representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Segundo Sheila Guebara, a JBS assumiu o compromisso de chegar a 2030 com 60% de uso de energia elétrica renovável. “Hoje, globalmente, estamos em 43%, mas quando olhamos para alguns negócios como a Seara, temos 60% da matriz energética renovável, em uma combinação de fonte renovável elétrica e térmica. É importante liderar esses processos”, afirmou ela, destacando ainda o trabalho da Campo Forte Fertilizantes, empresa lançada ano passado pela JBS para aproveitar todo o resíduo que sólido vem das fábricas visando a uma produção 100% nacional de fertilizantes.
A mesa-redonda, conduzida por Carlo Pereira, CEO do Pacto Global, contou ainda com a participação de Karen Tanaka, líder de ação climática da Ambev; e de Marina Mattar, diretora de assuntos corporativos da Unigel.
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