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CERTIFICADO DE RECEBÍVEIS DO AGRONEGÓCIO

JBS aporta R$ 10,2 milhões em CRA para financiar pecuária regenerativa na Amazônia

Companhia adquire cota de maior risco da operação, estruturada pela Vox Capital com apoio da Rio Capim Agrossilvopastoril. Programa do Fundo JBS pela Amazônia prevê atender 3,5 mil pequenos produtores

foto Fundo JBS pela Amazônia
Foto: FJBSA/divulgação

A JBS anunciou nesta terça-feira (21) o aporte de R$ 10,2 milhões em um novo Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) lastreado no programa “JUNTOS: Pessoas+Floresta+Amazônia”.

O CRA, emitido pela empresa focada em nature-based e consultoria Rio Capim Agrossilvopastoril, será estruturado pela Vox Capital e prevê uma emissão total de R$ 100 milhões, sendo a primeira nesta semana, de R$ 50 milhões, e a segunda, em 2025, no mesmo valor.

A expectativa do programa JUNTOS, lançado no ano passado pelo Fundo JBS pela Amazônia, é que sejam alavancados mais de R$ 900 milhões via blended finance ao longo desse período, com melhoria do perfil de risco e retorno da operação e aumento da atratividade do setor privado. A cota assumida pela JBS é a parcela de capital com menor prioridade de retorno – conhecida em inglês como first-loss capital.

Em 2023 a JBS destinou R$ 10 milhões ao programa, via Fundo JBS pela Amazônia, para viabilizar a estruturação do JUNTOS.

“Esse projeto é absolutamente disruptivo e tem um poder transformacional para a pecuária brasileira. Colocar o foco em produtividade para aumentar a sustentabilidade é o que vai garantir o engajamento nesse processo de transformação”, avalia Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.

“Por que o produtor rural não investe em genética e manejo do solo? Porque não tem capital nem assistência técnica. É aí que entra o programa JUNTOS. Acreditamos tanto nesse modelo de desenvolvimento socioambiental que vamos entrar com a cota de maior risco para provar que ser sustentável é mais lucrativo”, completa.

Os valores serão aplicados no atendimento de 3.500 pequenos criadores de gado atuantes na área da Amazônia Legal, oferecendo consultoria sobre o uso da terra, aumentando a rentabilidade e freando o desmatamento ilegal do bioma.

“Estamos viabilizando a operação para gerar impacto positivo por meio de negócios que sejam inclusivos e ambientalmente sustentáveis para a Amazônia, e, ao mesmo tempo, que tenham retorno financeiro. Queremos que a Faria Lima veja retorno ao investir no pequeno produtor com toda a segurança necessária, dentro de um novo padrão de modelo de negócio”, afirma Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia.

Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia. Foto: FJBSA/divulgação

O CRA conta com um diferencial considerado raro no mercado financeiro: a existência de um comitê de risco e impacto. A frente será formada pela Vox, a Rio Capim e um integrante independente com a função de acompanhar as questões operacionais viabilizadas pelo programa “JUNTOS”. O comitê vai verificar o resultado das mitigações alcançadas e informá-las aos investidores interessados.

“Investidores e o pequeno produtor atuante na Amazônia Legal carecem de iniciativas com viabilidade técnica e financeira que apoiem a pecuária regenerativa de forma integrada. O programa JUNTOS, agora por meio do CRA com um comitê de prestação de contas, atenderão às demandas das duas pontas”, afirma Valmir Ortega, CEO da Rio Capim.

A abordagem do CRA é via blended finance, com recursos oriundos de fundos concessionados e privados e centrados no projeto “JUNTOS” de agricultura regenerativa. A estimativa do Fundo JBS é investir até R$ 100 milhões nos próximos dez anos, alavancando mais de R$ 900 milhões entre recursos de Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), comerciais e doações – além de diversos tipos de instrumentos financeiros, como fundos de aval e fundos blended finance, por exemplo, que possam gerar segurança financeira e ajudar a aumentar a escala nessa fase inicial do programa.

A empresa Rio Capim foi a primeira empresa apoiada com seed money pelo programa “JUNTOS: Pessoas+Floresta+Amazônia”. O projeto está em fase inicial. A Rio Capim tem como meta atender 150 famílias do Pará ainda neste ano, e 250, a partir de 2025. Em dez anos a meta é chegar a 3,5 mil famílias assistidas. A ideia em conjunto com o Fundo JBS pela Amazônia é implantar hubs de negócios que deem suporte ao pequeno produtor em todas as etapas necessárias para uma pecuária de baixo carbono na Amazônia Legal, com apoio ainda à implantação da rastreabilidade animal desde o início da vida do gado. O projeto também incentiva a normalização socioambiental da propriedade, quando necessário.

“O blended finance permite tanto para o emissor, como para o tomador do crédito, uma taxa muito competitiva. A partir dessa base, o emissor consegue alavancar seu próprio negócio, honrar com seu compromisso, e ao mesmo tempo, criar uma estrutura que o leve a oferecer uma taxa mais atrativa para o mercado. É uma operação ganha-ganha”, diz Daniel Brandão, diretor de Nature-based Solutions na Vox Capital.

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