Em busca de sustentabilidade e economia, os veículos elétricos e híbridos vêm ganhando espaço no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil – e essa tendência vai conquistando também o campo.
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O trator 100% elétrico da New Holland tem 75 cavalos, é equipado com uma bateria de lítio de 110 quilowatts (kW) e pode trabalhar de 4 a 8 horas ininterruptas, dependendo do nível de aplicação. O modelo ainda é um conceito, ou seja, não está à venda. A montadora decidiu mostrá-lo na Agrishow para sentir a aceitação do consumidor, verificar se as especificações atendem às necessidades do produtor e identificar o nicho de mercado.
Além do apelo de não emitir poluentes, a máquina também seria atraente por zerar a emissão de ruídos, afirma Flavio Mazetto, diretor de portfólio e produto da CNH, grupo que controla a New Holland. Essa característica seria particularmente interessante na proximidade de ambientes urbanos e de instalações hospitalares, por exemplo, ou para trabalhos noturnos, atendendo a um nicho específico de mercado.
O trator movido a biometano da companhia, por sua vez, já está disponível para comercialização. O combustível é produzido a partir de rejeitos orgânicos processados, resultando no biogás.
A produção de combustível na própria fazenda poderia representar uma redução substancial de custos, eliminação de despesas com descarte de resíduos e redução de gases poluentes, enumera Mazetto. “E você tem também a opção de crédito de carbono”.
A empresa tem também um modelo híbrido, movido a biodiesel e a eletricidade, e ainda um outro movido a hidrogênio verde, além de estar desenvolvendo um trator movido 100% a etanol, uma demanda do mercado brasileiro.
Veículos elétricos
De olho no público que busca por sustentabilidade não apenas em máquinas de trabalho, a montadora chinesa BYD lançou recentemente no México a primeira picape híbrida, que estará disponível também no Brasil.
A caminhonete foi batizada de Shark, tubarão em inglês, pois traz no design a inspiração agressiva do predador do mar. Seu motor de 430 cavalos é movido tanto a gasolina como a eletricidade, prometendo uma autonomia de 840 km, sendo 100 km exclusivamente com as baterias.
De acordo com o diretor comercial da BYD Brasil, Henrique Antunes, se o produtor captar energia solar na fazenda, abastecer a picape custaria o equivalente a R$ 0,20/kW, e ele poderia rodar 100 km apenas no modo elétrico. “Muitas vezes ele nem chega a rodas isso na propriedade, então ele não tem que se deslocar para a cidade para abastecer, podendo trabalhar (direto) uma, duas semanas”, afirma.
A montadora chinesa já prepara outro modelo de picape, ainda mais sustentável, substituindo a gasolina por etanol. O conselheiro especial da BYD Brasil Alexandre Baldy conta que o novo veículo vai aproveitar a bateria elétrica para compensar a perda de desempenho decorrente do uso do biocombustível.
Nos últimos três anos, a procura por veículos elétricos ou híbridos vem aumentando por aqui. Veja os números de unidades vendidas, de acordo com a Anfavea:
- 2020: 19.700
- 2021: 35.000
- 2022: 49.200
- 2023: 88.900
- 2024: 142.000 (previsão).
Ainda assim, os veículos elétricos ou híbridos representam menos de 1% do mercado automobilístico brasileiro. Para que o crescimento seja mais rápido, especialistas dizem que é preciso haver uma política nacional de incentivo à transição do veículo a combustão para o elétrico.
No caso dos tratores, o principal desafio, segundo o diretor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Angel Garcia, é desenvolver baterias capazes de garantir o funcionamento pleno dessas máquinas enormes no campo, que ainda são o “calcanhar-de-aquiles” desses equipamentos.
Garcia lembra que o trator demanda muita energia, e assim precisaria de um enorme volume de bateria para ter autonomia na realização de operações agrícolas. “Mas nos últimos anos a gente tem conseguido desenvolver cada vez mais baterias com menor volume e menor peso que conseguem acumular mais energia”.