NO RIO GRANDE DO SUL

Calor? Chuva? El Niño: saiba o que ainda vem por aí

O El Niño, que está perdendo intensidade, ainda deve causar tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo no Rio Grande do Sul

O El Niño, que está perdendo intensidade, ainda deve causar tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo no Rio Grande do Sul
Foto: Defesa Civil/RS

O El Niño deve se estabilizar nos próximos três meses, mas ainda deve influenciar o clima do Rio Grande do Sul.

As informações são Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

Os modelos de previsão apontam para estágio de maturidade, estabilidade e resfriamento consistente do El Niño para os próximos três meses.

O boletim baseia suas previsões no modelo estatístico desenvolvido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

No primeiro trimestre de 2024, o prognóstico sugere a ocorrência de chuvas irregulares, com uma tendência a permanecerem próximas ou ligeiramente acima da média.

A formação de aglomerados de nuvens de tempestade pode causar níveis de precipitação acima da média nas regiões do Oeste e áreas de fronteira entre o Uruguai e a Argentina.

O El Niño, que está perdendo intensidade, ainda deve causar tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo no estado.

O mês de março pode apresentar chuvas em excesso e mais frequentes, com a passagem de frentes frias e a formação de áreas de instabilidade.

Entre janeiro e fevereiro, as temperaturas devem ficar acima da média, especialmente na metade norte do Rio Grande do Sul.

Nesse período, o ar quente e úmido será uma constante, o que leva a condições de abafamento.

Já no mês de março, com retorno das chuvas mais abrangentes e passagem de frentes frias, a tendência é de temperaturas um pouco abaixo da média, especialmente no sul do estado.

Orientações para produtores

O boletim do Copaaergs também lista uma série de orientações técnicas para as culturas agrícolas neste trimestre de El Niño.

Arroz

  • Intensificar o sistema de drenagem das áreas de lavoura, desobstruindo drenos, bueiros e vertedouros de barragens;
  • Efetuar a semeadura dentro do período recomendado pelo Zoneamento Agroclimático;
  • Iniciar a irrigação definitiva quando as plantas estiverem no estádio de 3 a 4 folhas, fazendo a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura, preferencialmente em solo seco, antes da entrada de água;
  • Atentar para a possível ocorrência de baixa luminosidade, que reduz a resposta da cultura à adubação nitrogenada;
  • Ter cuidados especiais com o possível aumento na incidência de doenças, devido às prováveis condições meteorológicas favoráveis à sua ocorrência.

Culturas de primavera-verão

  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação sempre respeitando o zoneamento agrícola e calendário de semeadura;
  • Para cultura da soja, em semeaduras tardias deve-se utilizar cultivares de ciclo médio e tardio;
    Preparar a semeadura da safrinha de forma escalonada;
  • Monitorar a lavoura quanto à ocorrência de doenças, em função do prognóstico de chuvas acima da média;
    Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha.

Hortaliças

  • Considerando a possibilidade de chuvas acima da média, ter cuidado com excesso de umidade do solo, utilizando sistemas de drenagem, uso de camalhões;
  • Quando necessário irrigar, proceder pela manhã, dando preferência à irrigação por gotejamento;
  • Para cultivos em ambiente protegido (túneis e estufas), realizar o fechamento ao final do dia e proceder à abertura pela manhã o mais cedo possível, evitando aumento excessivo da temperatura do ar no ambiente interno dos abrigos;
  • Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, especialmente em ambientes protegidos, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada, retirada de malhas de sombreamento.

Fruticultura

  • Muita atenção ao manejo fitossanitário, com o monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Pelas condições que favorecem maior pressão de doenças, é importante realizar a rotação de produtos nos tratamentos fitossanitários, visando minimizar os riscos de resistência dos patógenos, garantindo maior eficiência do manejo;
  • Preservar a cobertura verde nos pomares, por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, especialmente para proteção do solo, evitando a erosão e perdas de solo e nutrientes;
  • Se possível, investir em sistemas de proteção antigranizo para áreas novas e, em caso de ocorrência de danos por granizo, recomenda-se procurar a assistência técnica para análise e ajuste adequado de manejo;
  • Em relação a áreas protegidas de uva de mesa, atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada.

Pastagens

  • No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada;
  • Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;
  • Em virtude do prognóstico de chuvas acima da média climatológica, atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de barro, o que pode ocasionar problemas de casco, especialmente em vacas de leite;
  • Devido ao prognóstico de temperaturas do ar acima da média climatológica, principalmente na metade norte do estado, o produtor deve ficar atento, pois pode acarretar estresse térmico aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite.