Além da falta de chuva, os produtores gaúchos vão ter que enfrentar o calorão nos próximos dias. Segundo a Somar Meteorologia, os termômetros vão ficar perto dos 40°C no centro e oeste do Rio Grande do Sul. Esta situação agrava as condições das lavouras de soja que já enfrentam baixos índices de umidade do solo.
“O calor aumenta a evapotranspiração da pouca umidade que resta nas lavouras”, diz Celso Oliveira da Somar. A boa notícias é que as últimas atualizações dos modelos numéricos de previsão do tempo estão mais otimistas em relação à chuva prevista para a semana que vem, com acumulados que podem ultrapassar os 100 milímetros até o início de abril.
Nos últimos sete dias, choveu mais intensamente sobre o Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O acumulado de março já alcança 400 em parte do litoral paulista, onde provocou transtornos e mortes, atrapalhando o embarque de grãos no porto de Santos e quase 300 milímetros em Imperatriz, no oeste do Maranhão.
Em Mato Grosso do Sul, o período de tempo seco faz com que produtores avançassem com a colheita da soja. Por mencionar umidade do solo, ela não está baixa somente em Mato Grosso do Sul. O solo está seco desde o sul de Mato Grosso até o Rio Grande do Sul. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que no Sul do Brasil a colheita da soja está atrasada em relação à safra anterior no oeste e norte do Paraná, mas dentro da média para o período.
Já as principais regiões produtoras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, estão refletindo, além das diferenças no calendário de plantio entre a safra atual e a anterior, o impacto da irregularidade das chuvas no desenvolvimento das lavouras. A estiagem prolongada aumenta cada vez mais as perdas na soja do Rio Grande do Sul. De acordo com a Emater, a quebra já oscila em torno dos 16% e poderá aumentar ainda mais se a chuva não reaparecer em breve. Outros institutos trabalham com perdas de até 45%.
Por outro lado, o solo está saturado em Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Ceará, Piauí, Maranhão e boa parte da Região Norte. De acordo com levantamento da Conab, a partir de janeiro, as precipitações têm favorecido o desenvolvimento das lavouras em todas as áreas do Matopiba.
A exceção vai para o sul do Maranhão, onde a safra atual encontra-se pouco abaixo da safra passada e da média histórica, em função das diferenças no calendário de plantio e também por causa da irregularidade nas chuvas do início da safra. A Conab estima que no Brasil, de forma geral, a soja vem mantendo a tendência de crescimento na área cultivada e, nesta safra, há indícios de crescimento de 7,1% em relação à safra passada, produzindo 123,2 milhões de toneladas.