A chuva retorna ao país na faixa que vai do Rio Grande do Sul a São Paulo, mas já não ocorre de forma tão organizada como na semana passada. Isso é bom, já que parte da umidade da Amazônia alimenta sistemas meteorológicos nas regiões Sul e Sudeste.
São estimadas precipitações de cerca de 30 milímetros em Ijuí (RS); de 40 a 90 milímetros em Santa Rosa (RS); e de 50 e 65 milímetros em Araçatuba (SP) até o próximo fim de semana. Em Quaraí, na Fronteira Oeste gaúcha, a temperatura mínima vai chegar a 6 °C na próxima quinta-feira (18).
Nas regiões Centro-Oeste e Norte, a chuva ainda será persistente, dificultando as atividades de campo e aumentando a chance de desenvolvimento de doenças. Em média, estimam-se 125 milímetros no sul e oeste de Mato Grosso e sul de Rondônia – em alguns municípios desse último estado há chance, inclusive, de um volume de 200 milímetros em sete dias.
No Matopiba, por sua vez, a chuva enfraquece, diminuindo a umidade do solo e favorecendo a retomada das atividades de campo.
Entre os dias 22 e 28 de novembro, as precipitações mais intensas vão acontecer nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além do Matopiba. Já o Rio Grande do Sul verá o enfraquecimento da precipitação com acumulado inferior a 20 milímetros.
Chuva migra
Com base em simulações de institutos europeus, a meteorologia prevê agora a migração da chuva do Norte e do Nordeste para a região Sul entre novembro e janeiro. Fica a dúvida se realmente vai chover acima da média em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul em dezembro.
Algumas simulações ainda mostram chuva abaixo da média, mas a quantidade de precipitação será maior, independentemente do desvio. Isso deverá diminuir o déficit hídrico na maior parte do Centro-Sul. Apenas áreas da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai vão permanecer com pouca chuva.
No Matopiba, a precipitação será mais irregular, porém o suficiente para o desenvolvimento agrícola. O calor acima da média vai predominar, sobretudo no Rio Grande do Sul e no leste do Nordeste.
Em janeiro de 2022, a chuva vai “descer” ainda mais, ficando em níveis acima da média, sobretudo no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, o mês será mais seco que o normal no Matopiba, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, lembrando que nesse último estado a diminuição da chuva não será ruim, já que começará a colheita da soja e instalação do algodão e milho.
Chuva observada
Apesar da chuva mais frequente das últimas semanas, o plantio de soja em Mato Grosso terminou mais rapidamente que pelo menos nos últimos cinco anos, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Além disso, a semeadura de soja, arroz e milho avança rapidamente no Brasil. No Paraná e em Mato Grosso do Sul, quase 90% das áreas de soja já foram instaladas. No Maranhão e Bahia, o percentual alcança quase metade da área. No milho, o Paraná praticamente terminou a instalação. No Rio Grande do Sul, já são 82% das áreas de milho instaladas e Minas Gerais alcança 50%. O arroz no Rio Grande do Sul alcança quase 80% das áreas instaladas.
No entanto, nem tudo são flores nesta primavera de La Niña. O Rio Grande do Sul enfrenta déficit hídrico no milho, especialmente nas regiões de Ijuí e Santa Rosa. Já são 20 dias sem chuva intensa no estado. As usinas de cana-de-açúcar também reclamam da diminuição da chuva em novembro.
Áreas do centro e oeste de São Paulo e do leste do Paraná têm umidade do solo na casa de 40%. Aliás, olhando a chuva estimada por satélite entre os dias 7 e 13 de novembro, é possível entender a diminuição da umidade do solo: praticamente não choveu no período entre Rio Grande do Sul e São Paulo.
Por outro lado, estimam-se acumulados acima de 200 milímetros em áreas da BR-163 e noroeste de Mato Grosso, além de algumas áreas de Rondônia, Pará e Amazonas.