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Uma das maiores produções de grãos do Brasil é a soja. Embora a safra passada tenha sido grande, os números ficaram abaixo do esperado pelas projeções feitas pelas agências e, é claro, que o clima tem participação nisso. Nesta safra, a falta de chuvas atrasou o plantio da oleaginosa e, consequentemente, atrasará também a colheita.
Nesta primavera de 2019, a chuva não veio assim que a estação começou, em setembro. “O Paraná sofreu com os atrasos, Mato Grosso sofreu, Goiás sofreu, Minas Gerais sofreu e o Matopiba ainda sofre e está ansioso por estas pancadas previstas nesta semana do natal para finalmente realizar o plantio”, diz Paulo Etchichury, meteorologista da Somar.
Nesta safra 2019/2020, o tom é dado por uma neutralidade climática, ou seja, sem El Niño ou La Niña, fazendo prevalecer as condições normais de cada época do ano. Como grande parte da lavoura de soja brasileira está na área tropical, é normal ter tanta variabilidade no clima.
Por isso o plantio foi irregular, com 10% da soja de Mato Grosso plantada fora da janela ideal. Em Mato Grosso do Sul a situação ainda foi pior, com 50% do grão semeado fora do período adequado, algo que deve refletir na situação do milho segunda safra.
Superados os problemas do plantio, a condição é satisfatória durante esta fase de desenvolvimento vegetativo e favorável para a soja.
Como será a colheita
Agora, as lavouras que foram plantadas muito fora da janela ideal podem ter chuvas mais constantes no período da colheita, entre o fim de janeiro e decorrer de fevereiro, Chuva forte no início do ano é normal no Centro-Oeste do Brasil, já que os volumes nesta época variam entre 300 a 400 milímetros acumulados.
Porém, os especialistas não acreditam em risco de quebra de safra, já que os volumes diários não são muito elevados e só devem causar problemas operacionais, mas sem comprometer a safra.
As invernadas (longos períodos chuvosos e com temperaturas mais amenas) deixaram de ser constantes há pelo menos oito safras. A explicação está relacionada a períodos que duram em média 30 anos de resfriamento ou aquecimento das águas do oceano Pacífico Equatorial.
A chamada Oscilação Interdecadal do Pacífico (ODP), está neste momento em uma fase fria o que diminui a quantidade de chuva em alguns trechos do globo.
“De 1945 a 1975 estávamos em uma fase fria, de 1975 a 2005, uma fase quente e agora desde 2005 voltamos a ter uma fase fria do oceano Pacífico que vai durar aproximadamente até 2035”, diz Paulo.
É justamente por causa destes ciclos maiores do clima que entramos pelo oitavo ano consecutivo com problemas no abastecimento para o setor de energia.