TRAGÉDIA

Ciclone deixa 1 morto e 20 feridos no RS; em SP ventania causa 2 mortes

Em todo o estado de Rio Grande do Sul, mais de 800 mil pessoas ficaram sem energia elétrica

O ciclone que passa pelo Sul do país desde quarta-feira (13) deixou até a noite de quinta-feira (14) um idoso morto em Rio Grande, no interior gaúcho, e 20 feridos. Em todo o estado, mais de 800 mil pessoas ficaram sem energia elétrica. Ontem, o fenômeno climático já se direcionava ao Oceano Atlântico, mas seus impactos serão sentidos até o fim desta semana, dizem os meteorologistas. Desde o litoral gaúcho até a costa do Rio de Janeiro, deve haver vento forte e chuva e a frente fria avança até parte do Centro-Oeste.

Reflexo do ciclone, fortes ventos registrados ontem no estado de São Paulo causaram as mortes de uma idosa em Itanhaém, no litoral, e de uma jovem em São José dos Campos, no interior.

Entre a madrugada e a manhã desta quinta, o vento chegou a 140 km/h no litoral sul gaúcho. Temporais e ventos fortes causam transtornos na região metropolitana de Porto Alegre, na região dos vales, na serra gaúcha e no litoral norte do Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil.

Segundo o governo gaúcho, o idoso que morreu estava em casa quando o imóvel foi atingido por uma árvore. “Provavelmente nas próximas horas e dias, haverá possibilidades de enchentes em várias regiões do Estado, o que nos coloca em uma situação de alerta”, disse o governador em exercício, Gabriel Souza (MDB).

Estragos

Sede Nova (RS), no noroeste do estado, foi uma das cidades mais atingidas pelo ciclone. Praticamente todo o perímetro urbano registrou estragos como destelhamento de prédios públicos e comerciais e residências, além de quedas de árvores e postes. Houve falta de luz e seis feridos, com lesões e fraturas, no temporal.

A rede estadual suspendeu as aulas ontem, por risco de alagamentos. Também ocorreram interdições de estradas.

Morador relata granizo ‘do tamanho de laranjas’

Um barulho alto acordou no susto a família de Fábio Araújo por volta das 5h30 de ontem. O servidor público de 52 anos pulou da cama e, junto com a esposa e a filha, correu para proteger os móveis. O som veio de pedras de granizo que destruíam as telhas da residência, enquanto a água corria pelas paredes e alagava o chão. “Acabou com o teto, encharcou tudo”, disse o morador de Vera Cruz, no Rio Grande do Sul.

A cidade está em situação de emergência. A casa de Araújo é uma dentre as 3 mil que foram danificadas no município, segundo a Defesa Civil local. “É muito dolorido. A gente batalha tanto para as coisas, e em questão de minutos perde tudo”, lamenta. O funcionário diz que comprou telhas para tentar substituir a lona que ocupa agora o lugar do teto. Mas o medo persiste.

“Caíam pedras do tamanho de laranjas”, relembra Alfeu Flores, de 46 anos. O morador do bairro do Arco-Íris, um dos mais atingidos pelo temporal em Vera Cruz, terá que trocar integralmente o telhado da casa. As telhas foram perfuradas pela chuva de granizo que caiu na quarta. “Quebrou tudo, molhou tudo, o bairro todo está destruído. Foram pancadas enormes, um susto fora do comum”, relata.

Vítimas

Uma mulher de 80 anos morreu em Itanhaém após ser vítima de uma descarga elétrica causada pela queda de um galho sobre o fio de alta tensão. Em São José dos Campos, uma jovem de 24 anos ficou gravemente ferida quando um tronco desabou sobre o carro onde ela fazia aula de direção. Ela chegou a ser internada, mas morreu no fim da tarde.

Segundo a Polícia Militar, no caso da idosa, o cabo de média tensão rompeu após ser atingido por galhos de uma árvore quebrados pelo vento. Iracy Alves de Oliveira e Silva foi encontrada caída em uma calçada, no bairro Iemanjá. Testemunhas disseram aos PMs que a casa em que ela morava ficou sem energia. Ela saiu para a rua para ver o que causou o apagão e acabou encostando em fios derrubados.

Já no acidente que vitimou a jovem em São José dos Campos, o instrutor da autoescola não ficou ferido, mas foi atendido em estado de choque pelo Corpo de Bombeiros.

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