Um estudo inédito realizado no Rio Grande do Sul aponta como o clima afetou o estado nos últimos 17 anos. Foram avaliadas perdas econômicas por fenômenos climáticos como estiagens, granizo e geadas. Somente nos últimos quatro anos as perdas superam os R$ 22 bilhões.
+ Estiagem preocupa produtores rurais gaúchos
O levantamento feito pelo governo estadual contabilizou as perdas por desastres naturais de 2003 a 2021. Pesquisadora da secretaria estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Luciana Mieres explica que o objetivo central do trabalho é ajudar no desenvolvimento de políticas públicas sobre a questão climática.
“A importância deste estudo é poder identificar como que esses eventos se manifestam territorialmente no estado, como um suporte para a Defesa Civil e para que as políticas públicas voltadas à mitigação e à prevenção desses desastres possam ser mais efetivas e tentar auxiliar ainda mais a população”, diz Luciana.
Histórico de estiagens no Rio Grande Sul
O fenômeno que mais atingiu o Rio Grande do Sul em 17 anos foram as estiagens, com grandes impactos na atividade agropecuária. De 2017 a 2021, 464 municípios gaúchos publicaram decretos sobre o assunto, que afetaram quase 2 milhões de pessoas.
As regiões que mais apresentaram prejuízos por causa destes eventos foram Santo Ângelo, Santa Maria, Uruguaiana e Frederico Westphalen. Elas são grandes produtoras de grãos e carne.
“A Secretaria do Meio Ambiente possui a ‘sala de situação’ e, em convênio com a Defesa Civil, disponibiliza esses dados meteorológicos e estará conectada ajustando a questão de auxílio em estiagens ou em outros momentos em que o estado possa promover a melhoria da vida das pessoas”, afirma a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.
Fenômenos climáticos afetam a economia gaúcha
O que chama a atenção é que essas perdas foram mais significativas nos últimos quatro anos. No período, foram mais de R$ 22 bilhões em prejuízos. Com o terceiro ano consecutivo de atuação do La Niña, o Rio Grande do Sul teve perdas de mais de 50% na safra passada de grãos. E efeitos com geadas tardias e granizo já repercutem no atual ciclo de produção.
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O estudo do governo gaúcho aponta ainda que os meses com mais incidência foram entre junho-julho-agosto e janeiro-fevereiro. A posição geográfica do estado, que ocupa o extremo sul do Brasil, influencia nisso. É o que destaca o meteorologista e coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos do Rio Grande do Sul (Simagro-RS), Flávio Varone.
“Quando ocorre o El Niño, temos intensificação de umidade, principalmente no período de primavera e, consequentemente, temos chuva em abundância demais e prejuízos também à agricultura”, explica Varone. “Por outro lado, quando se tem o La Niña, você tem normalmente a diminuição desse ingresso de umidade, que fica mais enfraquecida na região e, consequentemente, provoca menos chuva. É o que vem acontecendo nos últimos três anos que o La Niña vem perdurando e trazendo prejuízos enormes.”
Estudo para ajudar em ações preventivas
De acordo com autoridades do Rio Grande do Sul, o levantamento sobre fenômenos climáticos deve nortear ações de prevenção e buscar estratégias para minimizar as perdas provocadas pelo clima.
“A Defesa Civil vai repassar esses dados para as prefeituras para que elas também tenham conhecimento [do estudo]”, diz o coordenador estadual de proteção da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, coronel Júlio César Rocha Lopes. “É uma dado extremamente qualificado que vai trazer uma resposta aos municípios de forma cada vez mais eficaz e eficiente para que a gente possa atuar de maneira pontual.”
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