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CLIMA

El Niño voltou: como fica o clima para a agricultura?

O fenômeno El Niño está se consolidando e existe uma probabilidade de 56% de se intensificar significativamente em seu pico

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) confirmou o início do fenômeno climático El Niño, que ocorre devido ao aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico.

Esse fenômeno tem efeitos significativos no clima global e pode ter impactos na agricultura em todo o mundo, afetando as condições climáticas e, consequentemente, as safras e a produção agrícola.

Durante o El Niño, as alterações nas temperaturas da superfície do mar provocam mudanças nos padrões de circulação atmosférica, afetando a distribuição de chuvas e a ocorrência de eventos climáticos extremos em diferentes regiões do planeta.

Essas mudanças podem resultar em condições de seca ou excesso de chuvas em áreas que normalmente não enfrentam essas situações.

Os impactos do El Niño na agricultura variam dependendo da região. Em áreas como o Peru e o Equador, onde o fenômeno foi originalmente identificado, o El Niño pode trazer períodos de chuvas intensas e enchentes, causando danos às plantações, erosão do solo e perda de colheitas.

Em contrapartida, em outras regiões, como partes da África e da Ásia, o El Niño pode resultar em secas prolongadas, escassez de água e diminuição da produção agrícola.

O impacto do fenômeno climático no Brasil

No Brasil, o El Niño causa impactos diferentes em diferentes regiões.

Segundo o meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller, “seu principal impacto são as chuvas em excesso na região sul, e a diminuição das chuvas na porção norte e nordeste, o que tem impacto direto na produção de grãos do país, seja pela restrição hídrica ou pelo alto volume que pode inundar as plantações.

As temperaturas ficam elevadas durante o outono e inverno, o que ajuda a inibir a formação de geadas, porém pode causar estresse térmico nas lavouras e no gado leiteiro, o que tem impacto direto na produtividade.”

Além das mudanças na disponibilidade de água, o El Niño também pode afetar a ocorrência de pragas e doenças nas plantações.

O aumento da temperatura e umidade durante o fenômeno pode favorecer a proliferação de insetos e fungos que atacam as culturas, levando a perdas significativas na produção.

A redução da produção agrícola em áreas afetadas pelo El Niño pode levar a aumentos nos preços dos alimentos, prejudicando a segurança alimentar e a economia das regiões afetadas.

Intensidade do El Niño

De acordo com o meteorologista, “ainda é cedo para saber com qual intensidade o fenômeno vai se manifestar”, diz.

“A situação atual é de um El Niño fraco, mas se esse aquecimento continuar até o verão 2023/2024, podemos ter um El Niño de moderado a forte. No entanto, isso deve ser acompanhado semana a semana, pois não há como prever esse cenário de forma antecipada”, complementa.

O El Niño – que ocorre em intervalos de tempo que variam entre três e sete anos – persiste em média de seis a 15 meses. As duas edições mais intensas, desde que a ciência passou a compreender o fenômeno, ocorreram em 1982-1983 e em 1997-1998.

Para lidar com os impactos do El Niño na agricultura, é importante que os produtores rurais e os governos estejam preparados e adotem medidas de mitigação. Isso inclui o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para eventos climáticos extremos, o planejamento adequado do uso da água, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e a diversificação das culturas para reduzir a vulnerabilidade aos efeitos negativos do fenômeno.

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