A catástrofe climática jamais vista na história do Rio Grande do Sul deixa evidente a urgência e a carência de planos preventivos para as mudanças no clima que estamos observando em todo o globo.
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O governo federal declarou estado de calamidade pública para 336 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul devido aos temporais que assolam a região desde a semana passada. Isso representa praticamente 70% do estado afetado pelas enchentes, com prejuízos diretos para a agricultura.
Cerca de 40% da captação de leite foi interrompida no estado, segundo estimativa da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS). Áreas de arroz e soja ainda estão esperando a água baixar para avaliar a dimensão dos prejuízos.
Esta semana teremos uma pequena trégua nos temporais.
De acordo com a Climatempo, o centro-norte do Rio Grande do Sul terá tempo seco. Já na metade sul do estado, ainda choverá, mas com volumes bem menores, em torno de 20 milímetros em 48 horas. O grande problema é que qualquer precipitação que ocorra agora só agravará a situação das enchentes.
Segundo especialistas, o ideal seria termos tempo completamente seco por uma semana ou mais, algo que só acontecerá a partir do dia 15. Apenas no extremo sul do Rio Grande do Sul é que a segunda-feira pode ser mais chuvosa.
No período de 26 de abril a 4 de maio, a cidade de Fontoura Xavier acumulou mais de 700 milímetros de chuva, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Em maio, até agora, choveu quase 500 milímetros em Soledade, enquanto a média climatológica é de 153; 237 milímetros em Erechim, que tem média de 176; e em Bento Gonçalves, 449 milímetros, sendo que o normal para o mês é 144.
Após esta pequena trégua nos temporais entre esta segunda-feira, dia 6, e terça-feira, dia 7, espera-se ainda uma nova frente fria nesta quarta-feira, dia 8, o que pode agravar a situação com temporais a qualquer hora do dia nos Pampas, Missões e na região central do estado, assim como na Campanha e no extremo sul gaúcho, onde o tempo seguirá encoberto e chuvoso. São esperadas pancadas de chuva nas demais áreas do Rio Grande do Sul, e também na Serra Gaúcha e Catarinense a partir da tarde de quarta-feira, podendo ser intensas. No litoral sul de Santa Catarina, sol e possibilidade de chuva fraca e isolada ao longo do dia. No extremo norte do Rio Grande do Sul até o estado do Paraná, espera-se tempo firme com predominância de sol, sem chance de chuva. O mesmo vale para quase todo o Sudeste e Centro-Oeste.
El Niño
Segundo o meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller, o que está acontecendo no Rio Grande do Sul não pode ser apenas associado ao fenômeno climático El Niño, que potencializa as chuvas no sul. “O desequilíbrio da atmosfera está intimamente ligado às mudanças climáticas em todo o globo”, diz ele.
A tempestade mediterrânea Daniel atingiu a Líbia no dia 10 de setembro de 2023 e afetou diretamente as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda, Al-Marj e Derna, que registrou o rompimento de duas barragens.
Em Derna, 25% da cidade desapareceu debaixo d’água. Mais de 11 mil pessoas morreram.
Mais recentemente, em 16 de abril deste ano, imensas inundações repentinas aconteceram em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, após chover 100 milímetros em 12 horas, o equivalente ao esperado para 1 ano inteiro.
“A natureza envia sinais da urgência em reduzir os gases de efeito estufa. São muitos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes de um ano para cá”, diz ele.