Boa parte do Rio Grande do Sul não registra chuva significativa há cerca de 20 dias, mesmo com a presença de frentes frias ao menos uma vez por semana. O verão neutro — sem influência de El Niño e La Niña — costuma provocar estiagens no estado.
Em janeiro, a média de chuva nas áreas produtoras é de 150 milímetros acumulados, mas alguns locais só registraram 15 milímetros. A metade sul do estado apresenta o menor índice de umidade disponível no solo. Para piorar, as temperaturas voltarão a subir nos próximos dias, elevando a condição da evaporação e evapotranspiração.
A seca tem prejudicado principalmente as lavouras de soja, milho e tabaco. As perdas para o milho e tabaco já chegam a 20% e 25%, respectivamente.
- Seca destrói pastagens no RS e previsão do tempo não indica melhoras
- Fumaça da Austrália pode impactar agropecuária do Rio Grande do Sul?
Previsão do tempo para o curto prazo
Uma nova frente fria se aproxima do Rio Grande do Sul nesta quinta-feira, 9, e deve chover nas áreas mais secas da fronteira com Uruguai e Argentina. No decorrer do dia, chove forte com chances para granizo e acumulados mais elevados na metade sul gaúcha.
“Vale ressaltar que os acumulados podem ser mais significativos em alguns pontos, mas ainda é uma chuva isolada, não sendo suficiente para recuperar a estiagem agrícola, nem os índices dos reservatórios”, afirma a meteorologista Patrícia Vieira, da Somar.
No nordeste do Rio Grande do Sul, o tempo ainda fica firme, apenas com aumento de nebulosidade durante a tarde e ventos constantes e moderados. Apesar do tempo instável, as temperaturas seguem altas com os ventos que sopram de norte e sensação de calor em todas as áreas.
Na sexta-feira, 10, ainda sob influência da frente fria, o tempo continua instável. O dia começa com temporais no sul gaúcho. Os maiores acumulados estão previstos para o centro e para a região da Campanha.
Conforme a frente fria se desloca, a chuva passa a ganhar intensidade também no centro-norte. As pancadas vêm acompanhadas por raios, ventos moderados e chances de granizo. As temperaturas ficam mais amenas, mas não chega a fazer frio.
No fim de semana, a frente fria se afasta, mas os resquícios do sistema e também a ação de um corredor de umidade mantêm as nuvens de chuva sobre a região.
No norte, noroeste e Missões, são esperados os maiores acumulados de chuva. “Essa chuva não é contínua e ocorre intercalada com períodos de sol e calor. Por isso segue as condições para temporais localizados”, diz Patrícia.
No restante do Rio Grande do Sul, a chuva perde intensidade e são esperados baixos acumulados e de forma isolada. Inclusive, no extremo sul do estado, o avanço de uma massa de ar seco na retaguarda da frente fria já começa a limpar o tempo e trazer preocupações novamente para os produtores rurais.