Agricultura

Imagens impressionantes: veja o que restou de fazendas norte-americanas após tempestade

Um dos estados mais afetados foi o de Iowa, que teve silos retorcidos, produções perdidas e galpões devastados

Silos retorcidos EUA
Foto: @graincartguy/Twitter

Uma forte tempestade deixou rastros de destruição em cidades agrícolas dos Estados Unidos desde a última segunda-feira, 10. Um fenômeno chamado de ‘Derecho’ – uma linha de instabilidade associada a frente fria – avançou pelo Meio-Oeste do país, gerando ventos fortes e destruindo lavouras e acamando plantações de milho.

Um dos estados mais afetados foi o de Iowa, que teve silos retorcidos, produções perdidas e galpões devastados. No twitter, o produtor de milho Jim Smith lamentou as perdas em sua propriedade. “Todos os meus oito campos de milho estavam muito bem e uma boa parte quebrou”, disse ele.

Em comunicado oficial, o secretário de Agricultura de Iowa, Mike Naig, também lamentou as perdas no campo. “Muitos fazendeiros e agroindústrias sofreram danos em plantações, silos de grãos e prédios com as fortes tempestades que se espalharam pelo estado. Meus pensamentos estão com todos os que foram afetados”, disse.

Segundo a sede em Iowa do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, muitos voluntários estão trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia e para consertar os estragos da tempestade. Para atender aos cidadãos que tiveram prejuízos causados pela tempestade, a governadora Kim Reynolds emitiu um documento de declaração de desastre – similar a um decreto de situação de emergência no Brasil – para seis condados.

“O Programa de Subsídio de Assistência Individual de Iowa oferece subsídios de até US$ 5.000 para famílias com renda de até 200% do nível federal de pobreza ou renda máxima anual de US$ 43.440 para uma família de três. Os subsídios estão disponíveis para conserto de casa ou carro, troca de roupas ou alimentos e despesas temporárias de moradia”, diz o documento.

Perda nas lavouras

De acordo com o secretário de Agricultura, as perdas que ocorrem em momento de pré-colheita, podem gerar ainda mais dificuldades entre os agricultores, principalmente em relação aos espaços de armazenagens de grãos nas fazendas locais. “Ainda não sabemos o quanto a safra de milho em Iowa foi danificada. Ainda é cedo para estimar um valor exato dos danos e a todo o setor agrícola do estado”, afirmou Naig.

As condições variam entre os campos, com alguns segmentos destruídos e outros recuperáveis. Dado que o milho está na fase R4 de desenvolvimento, a janela para o milho acamado se levantar é pequena e os talos quebrados não poderão ser recuperados, estima o Departamento de Agricultura.

— Andy Riley (@Oldean69) August 10, 2020

 

Relato de um brasileiro

O técnico em agropecuária brasileiro André Reichert está em Iowa fazendo um estágio e enviou um vídeo para o Canal Rural. Ele relata que passou por várias propriedades e pôde ver de perto o estrago feito, principalmente nas lavouras de milho.

“Aconteceu quase que uma catástrofe na região. Essa é a segunda tempestade que estão enfrentando, e dessa vez vai ser mais difícil para o milho se recuperar, por causa da proximidade com a colheita”, disse.

Na imagem, é possível ver a diferença de talhões que usaram variedades mais resistentes a esse tipo de evento climático. Nesse caso, a plantação ficou bem menos danificada. “A genética desse milho faz com que ele tenha um talo mais robusto, e o porte dele é mediano, não tão alto. Sendo mais flexível diante de ventos fortes”, disse.

Segundo Reichert , os fazendeiros locais já estão acionando os seguros, que são comuns no país. “Quase 100% da área cultivada é coberta por seguro, ao contrário do Brasil. O que estimamos é um dano de 43% de dano em soja e milho nessas cidades atingidas”, disse.

 

Meteorologia

Para Celso Oliveira, meteorologista da Somar, apesar de não ter sido um fenômeno generalizado a ponto de trazer grandes prejuízos à produção norte-americana, a ventania não deixou nada de pé por onde passou. “É importante salientar que é um prejuízo enorme para os produtores afetados de Iowa, Nebraska e Dakota do Sul, mas o reflexo disso no cenário de produção nacional não deve ser grande”, diz Oliveira.

A partir de agora, o que chama a atenção é que a chuva vai perder força nessas áreas atingidas. Existe uma região em Minnesota, na fronteira com o Canadá, que deve ter ainda alguns episódios de chuva forte na próxima sexta-feira, 14. Também há previsão de chuva no sul de Illinois , Tennessee e Kentucky nos próximos três dias. No entanto, essas áreas que foram atingidas têm previsão de chuva menos intensa.

Uma das áreas mais atingidas foi justamente aquela que estava passando por uma estiagem severa. “Os produtores torceram tanto para que a chuva voltasse nestes estados afetados pela seca, mas quando a precipitação veio, veio forte demais”, finaliza o meteorologista.