A última atualização do Centro de Previsão Climático Americano, da Agência de Pesquisas Climáticas e Oceânicas dos Estados Unidos (Noaa), informa que o La Niña tem 95% de chance de persistir durante o verão no Hemisfério Sul. Para os meses abril, maio e junho, essa chance cai para 55% com tendência de neutralidade climática a partir do início do segundo semestre.
“O La Niña persiste no período do verão, porém com enfraquecimento. lembrando que a atmosfera demora mais ou menos uns dois meses para parar de responder as alterações do oceano”, afirma Patrícia Vieira, técnica em meteorologia da Somar. Ou seja, as águas frias em boa parte do oceano Pacífico vão persistir neste trimestre, mas mesmo quando estas águas começarem a se aproximar da neutralidade, a atmosfera ainda vai levar um tempo para perceber que o La Niña terminou.
De qualquer forma é uma projeção que já está sendo divulgada nos últimos meses. O Noaa já tinha afirmado que o La Niña atingiria o seu pico no alto verão, principalmente agora em janeiro e que nos próximos meses teríamos neutralidade.
Como o La Niña vai continuar afetando o clima no Brasil?
Os impactos diretos disso nas lavouras do Brasil são semelhantes também aos já divulgados. “Temos maiores chances de invernada na hora da colheita em parte do Sudeste e Centro-Oeste, riscos de estiagem principalmente no Rio Grande do Sul e chuvas mais concentradas na faixa norte do Brasil”, diz Patrícia.
É importante lembrar que esses são os efeitos clássicos no Pacífico, mas também temos a influência do oceano Atlântico. Neste ano, as águas mais aquecidas na costa do Sudeste e do Sul estão favorecendo chuva mais frequente, enquanto que no Nordeste, as águas mais frias do Atlântico não estão encontrando suporte do oceano para a intensificação dos sistemas meteorológicos.
“Normalmente, anos de La Niña são mais chuvosos no Nordeste, mas por uma combinação de fatores isto não está ocorrendo de forma generalizada e a umidade volta a falhar na região no fim deste mês”, diz Patrícia.